Ribeirão Preto, Sábado, 25 de Dezembro de 2010

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Usineiros "vetam" novas usinas na região

Para empresários, capacidade instalada das unidades é maior que a matéria-prima disponível para o setor

Lobby dos usineiros atinge unidade prevista para iniciar as operações em 2012 no município de Cravinhos


Edson Silva - 29.mai.09/Folhapress
Lavoura de cana-de-açúcar em Pradópolis, com a unidade da São Martinho ao fundo

MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DE RIBEIRÃO

Com 56 unidades produtoras de açúcar e álcool já instaladas, e alegando escassez de matéria-prima, o setor canavieiro "veta" o surgimento de novas usinas na região de Ribeirão Preto.
Entre os motivos apontados estão o fato de a região já ter 12,73% das usinas do país e de haver capacidade instalada de moagem superior à produção anual.
A Folha ouviu três usineiros, e todos falaram reservadamente que há obstáculos para o funcionamento de mais uma unidade, independentemente do município onde ela esteja.
Mas há outro empecilho, na avaliação dos empresários do setor canavieiro: o "surgimento" de uma "usina extra". A Santa Cruz, em Olímpia, do grupo Guarani, anunciou que passará a ser uma usina mista, ou seja, produzirá açúcar e álcool.
Como o grupo está em expansão, ampliando a moagem, a expectativa do setor é que ele também buscará mais cana. "A região está saturada já. Não comporta mais ninguém. A não ser que uma usina que surgir busque cana fora, mas isso encarece os custos", diz um usineiro.
A estimativa é que as quatro regiões administrativas da macrorregião tenham moído cerca de 150 milhões de toneladas de cana nesta safra, mas têm capacidade instalada 30% superior. É o que explica o fato de muitas terem encerrado as atividades em novembro ou em meados deste mês, já que não tinham mais cana para processar.
Esse lobby dos usineiros contra novas usinas atinge a CEC (Companhia Energética Cravinhos), prevista para iniciar as operações em 2012 e que já tem resistência de ambientalistas, por causa do aquífero Guarani.
No caso da CEC, ela fica em "área de influência" de gigantes do setor, como a São Martinho (Pradópolis) e a Pedra (Serrana).
"Ela não vai ter cana nova, vai lutar pela mesma cana já existente. E as usinas já têm contratos de longa duração com os fornecedores, o que dificulta muito", afirmou outro usineiro.
A diretoria da CEC informou que "a cana existe e a livre concorrência também".
Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a instalação de uma unidade em Cravinhos -ou em qualquer outra cidade da região- vai gerar muita concorrência em torno da cana.
"Não é proibido ter mais usinas na maior parte do Estado. Tirando algumas regiões em que o zoneamento veta, nas demais é possível. A dificuldade existe em algumas regiões por causa da concentração de unidades."


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