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Igreja evangélica celebra em Ribeirão o primeiro casamento homossexual
Márcia Ribeiro/Folha Imagem
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O pastor José Alves celebra o casamento de Alex e Pedro
DA FOLHA RIBEIRÃO
Num salão de festas simples, no bairro Sumarezinho,
foi celebrado, na noite de sábado, o primeiro casamento
religioso entre homossexuais que se tem registro em
Ribeirão Preto. Os promotores de eventos Alex Sandro
Correia, 27, e Pedro Cardoso, 20, tiveram a união celebrada por um pastor da Igreja Evangélica Para Todos, de
São Paulo.
Juntos há dois anos, Alex e
Pedro tem raízes em Ribeirão, mas moram em São Paulo. Os dois escolheram se casar em Ribeirão porque a família deles mora na cidade.
Mais do que formalizar a
união, o casamento serviu
para quebrar uma barreira.
"Sabíamos que seríamos
os primeiros a casar em Ribeirão Preto, mas é um direito que nós temos, garantido
por lei. Poucos sabem disso,
tanto que depois do nosso,
pelo menos outros dois casais de amigos decidiram fazer o mesmo", disse Alex.
No civil, o "casamento"
ocorre daqui a duas semanas
em São Paulo: eles vão assinar um contrato de união
homoafetiva.
"Somos a pessoa certa um
para o outro. O casamento é
um marco porque simboliza
tudo isso", afirmou Pedro.
Vestidos com uma bata
branca, sandálias e uma coroa de hera, eles entraram no
salão ao som de Madonna. O
"sim" foi dito com a música
de Andrea Bocelli ao fundo.
Após o cerimonial, que em
nada diferiu dos casamentos
tradicionais, os noivos optaram por beijos na testa "para
não criar polêmica". Sobre o
bolo, dois bonequinhos com
feições masculinas serviam
de enfeite.
O pastor José Alves, 36, já
não se lembra quantas
uniões de gays celebrou em
São Paulo. No interior, porém, foi sua primeira vez.
"Fazemos muitos na capital e na região do ABC, mas é
a primeira vez que viemos
para o interior. Não conheço
outra igreja que reconheça o
casamento gay", disse Alves,
da Para Todos, que tem dez
anos. "Para nós, todos são
iguais. Celebro como se fosse
uma união normal."
Entre os convidados, estavam parentes, amigos e lideranças do movimento gay
em Ribeirão. "É um marco
para o movimento gay na cidade", disse Fábio de Jesus ,
21, da ONG Arco Íris.
Os padrinhos, a maioria
heterossexuais, eram irmãos, primos, tios e amigos
dos noivos. Dos pais, só a
mãe de Pedro, Dulcelene Alves Cardoso, 50, compareceu à cerimônia. "Quando
ele contou que era gay, não
aceitei e chorei umas duas
semanas seguidas. Hoje,
penso que, se ele está feliz,
tenho de estar também", diz.
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