Ribeirão Preto, Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2009

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Igreja evangélica celebra em Ribeirão o primeiro casamento homossexual

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
O pastor José Alves celebra o casamento de Alex e Pedro

DA FOLHA RIBEIRÃO

Num salão de festas simples, no bairro Sumarezinho, foi celebrado, na noite de sábado, o primeiro casamento religioso entre homossexuais que se tem registro em Ribeirão Preto. Os promotores de eventos Alex Sandro Correia, 27, e Pedro Cardoso, 20, tiveram a união celebrada por um pastor da Igreja Evangélica Para Todos, de São Paulo.
Juntos há dois anos, Alex e Pedro tem raízes em Ribeirão, mas moram em São Paulo. Os dois escolheram se casar em Ribeirão porque a família deles mora na cidade. Mais do que formalizar a união, o casamento serviu para quebrar uma barreira.
"Sabíamos que seríamos os primeiros a casar em Ribeirão Preto, mas é um direito que nós temos, garantido por lei. Poucos sabem disso, tanto que depois do nosso, pelo menos outros dois casais de amigos decidiram fazer o mesmo", disse Alex.
No civil, o "casamento" ocorre daqui a duas semanas em São Paulo: eles vão assinar um contrato de união homoafetiva.
"Somos a pessoa certa um para o outro. O casamento é um marco porque simboliza tudo isso", afirmou Pedro.
Vestidos com uma bata branca, sandálias e uma coroa de hera, eles entraram no salão ao som de Madonna. O "sim" foi dito com a música de Andrea Bocelli ao fundo. Após o cerimonial, que em nada diferiu dos casamentos tradicionais, os noivos optaram por beijos na testa "para não criar polêmica". Sobre o bolo, dois bonequinhos com feições masculinas serviam de enfeite.
O pastor José Alves, 36, já não se lembra quantas uniões de gays celebrou em São Paulo. No interior, porém, foi sua primeira vez.
"Fazemos muitos na capital e na região do ABC, mas é a primeira vez que viemos para o interior. Não conheço outra igreja que reconheça o casamento gay", disse Alves, da Para Todos, que tem dez anos. "Para nós, todos são iguais. Celebro como se fosse uma união normal."
Entre os convidados, estavam parentes, amigos e lideranças do movimento gay em Ribeirão. "É um marco para o movimento gay na cidade", disse Fábio de Jesus , 21, da ONG Arco Íris.
Os padrinhos, a maioria heterossexuais, eram irmãos, primos, tios e amigos dos noivos. Dos pais, só a mãe de Pedro, Dulcelene Alves Cardoso, 50, compareceu à cerimônia. "Quando ele contou que era gay, não aceitei e chorei umas duas semanas seguidas. Hoje, penso que, se ele está feliz, tenho de estar também", diz.


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