Ribeirão Preto, Sábado, 26 de Fevereiro de 2011

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Barretos vai gerir hospital em Rondônia

Experiência para tratamento de câncer será levada até a região Norte para diminuir a vinda de pacientes

Dos 3.000 atendidos por dia em Barretos, 20% vêm do Norte do país, depois de uma viagem de cerca de 2.500 km


Edson Silva/Folhapress
A paciente Nice Aparecida Moreira, de Rondônia, faz tratamento de quimioterapia no Hospital de Câncer de Barretos

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

O Hospital de Câncer de Barretos vai assumir em abril a gestão do Hospital de Base de Porto Velho (RO). Será a primeira vez que o estabelecimento paulista -referência no país para tratamento da doença- gerencia uma unidade em outro Estado.
A intenção, segundo o diretor do hospital de Barretos, Henrique Prata, é diminuir a demanda de pacientes que saem da região Norte para se tratar na cidade paulista.
Dos cerca de 3.000 atendimentos diários, 20% são de pacientes do Norte do país.
Apesar de Barretos e Rondônia ficarem a aproximadamente 2.500 km, o hospital paulista trata de mais de 90% de todos os pacientes com câncer naquele Estado.
O governador de Rondônia, Confúcio Aires Moura (PMDB), afirma que o Estado gasta R$ 18 milhões por ano para que os pacientes de câncer façam os tratamentos em outras regiões do país.
"São gastos com passagens e hospedagens para o paciente e um acompanhante, exames e medicamentos. Sem dúvida, se o tratamento fosse feito em Rondônia esse gasto poderia ser investido no próprio hospital."
Moura afirma que os pacientes em Rondônia têm uma preferência espontânea e natural em procurar atendimento em Barretos.
"É uma referência no tratamento da doença. Por isso, acredito que, com o know-how que o Henrique [Prata] tem, vamos conseguir manter esses pacientes aqui."

CALAMIDADE PÚBLICA
De acordo com Prata, a situação do tratamento de câncer no Hospital de Base de Porto Velho é de calamidade pública. Ele diz que foi até o Estado para avaliar a possibilidade de implantar um centro de diagnóstico.
Diante da realidade local, percebeu que o tratamento deveria ser alterado. "Hoje o paciente com câncer internado em Rondônia tem mais chances de morrer por uma infecção hospitalar do que pela doença mesmo."
A intenção é criar um Cacon (Centro de Alta Complexidade em Oncologia) nos moldes do que existe no município paulista. Um centro de diagnóstico e prevenção também vai ser criado no interior do Estado -em Ji-Paraná ou Cacoal- ainda neste primeiro semestre.
Prata ainda pretende aumentar os salários do médicos, para que eles trabalhem integralmente no hospital. Segundo ele, atualmente os profissionais atuam em dois ou três locais diferentes, pois os salários são baixos.
"Uma equipe médica em período integral é essencial para o tratamento adequado de pacientes com câncer."
O projeto de gestão já foi apresentado na última quarta-feira ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
De acordo com Prata, as adequações devem ser feitas com recursos vindos por contrapartida de usinas hidrelétricas da região.


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