Ribeirão Preto, Domingo, 26 de Julho de 2009

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Jogos Regionais expõem duelo de filosofia

Franca aposta em esportistas contratados para vencer; Ribeirão Preto tem maior delegação e poucos "estrangeiros'

Secretário de Esportes de Ribeirão Preto diz achar "muito errada" a contratação de atletas sem nenhum vínculo com a cidade

Silva Junior/Folha Imagem
Nadadores saltam em prova nos Jogos Regionais; atleta à dir. foi contratado por Franca para vencer o de Ribeirão, que compete ao lado

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os Jogos Regionais deste ano realizados em Franca (5ª região) colocaram em disputa, além das medalhas, o sucesso de dois modelos antagônicos de gestão pública do esporte.
De um lado, Franca viu a necessidade de obter resultados, principalmente por ser cidade-sede do evento, e resolveu contratar 30% dos cerca de 510 atletas inscritos em todas as modalidades em disputa.
O município convidou atletas "free-lancers" para quase todas as 24 modalidades. As exceções são as categorias para deficientes físicos, que tem um trabalho específico na cidade, e no basquete, cujos contratos são mais longos, por se tratarem de times fixos, que disputam outras competições.
Do outro lado da moeda está Ribeirão Preto, com delegação de 470 atletas e apenas dez contratados. Além de Franca, a cidade é a única inscrita em todas as modalidades e as duas disputaram até o último dia (ontem) o título geral da competição, que não foi decidido até o fechamento desta edição.
A atitude da rival deixou furioso o secretário de Esportes de Ribeirão, Roberto Palmieri, que, no período da competição, entre 15 e 25 de julho, foi diversas vezes à cidade vizinha.
"Acho completamente errada a contratação de atletas sem o menor vínculo com a cidade, que no dia seguinte às provas nem aqui estarão. A regra deveria proibir isso, mas infelizmente não há interesse", disse.
A Prefeitura de Franca desconversa sobre o assunto e, apesar de admitir a contratação, nega que seja pelo fato de a cidade ser a sede do evento.
"As equipes de xadrez e damas têm gente contratada, mas é para completar o quadro de atletas e não para fazer a diferença no final", afirmou o secretário-adjunto de Esportes, Francisco Mariano Mendes.
O nadador João Paulo de Oliveira, 28, é um exemplo da filosofia francana para este ano. Ex-campeão paulista, brasileiro e medalhista no Troféu Brasil, uma das mais importantes competições aquáticas, ele recebeu cachê para integrar a delegação de Franca, mesmo tendo nascido em Palmital. Antes, competiu por sete anos por Santos, onde treinava.
"Venho, fico dois dias e vou embora. Claro que não é o ideal para a cidade, mas é uma forma polêmica de conseguir resultado", disse o nadador, um dos dois contratados entre os quatro da equipe masculina.
No time de futsal dos donos da casa, que disputou a final, dois brasileiros que atuam na liga italiana foram reforços, já que estão em recesso na temporada por lá. A atitude descontentou alguns adversários.
"Treinamos o ano todo com estes garotos para chegar aqui e ver esses contratados. Fazemos um trabalho sério e não vemos resultados", disse José Chagas de Almeida, técnico do time de Tabatinga, que enfrentou Franca na primeira fase e foi derrotado por 4 a 2.


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