|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jogos Regionais expõem duelo de filosofia
Franca aposta em esportistas contratados para vencer; Ribeirão Preto tem maior delegação e poucos "estrangeiros'
Secretário de Esportes de Ribeirão Preto diz achar "muito errada" a contratação de atletas sem nenhum vínculo com a cidade
Silva Junior/Folha Imagem
![](../images/r2607200902.jpg) |
|
Nadadores saltam em prova nos Jogos Regionais; atleta à dir. foi contratado por Franca para vencer o de Ribeirão, que compete ao lado
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os Jogos Regionais deste ano
realizados em Franca (5ª região) colocaram em disputa,
além das medalhas, o sucesso
de dois modelos antagônicos de
gestão pública do esporte.
De um lado, Franca viu a necessidade de obter resultados,
principalmente por ser cidade-sede do evento, e resolveu contratar 30% dos cerca de 510
atletas inscritos em todas as
modalidades em disputa.
O município convidou atletas "free-lancers" para quase
todas as 24 modalidades. As exceções são as categorias para
deficientes físicos, que tem um
trabalho específico na cidade, e
no basquete, cujos contratos
são mais longos, por se tratarem de times fixos, que disputam outras competições.
Do outro lado da moeda está
Ribeirão Preto, com delegação
de 470 atletas e apenas dez contratados. Além de Franca, a cidade é a única inscrita em todas
as modalidades e as duas disputaram até o último dia (ontem)
o título geral da competição,
que não foi decidido até o fechamento desta edição.
A atitude da rival deixou furioso o secretário de Esportes
de Ribeirão, Roberto Palmieri,
que, no período da competição,
entre 15 e 25 de julho, foi diversas vezes à cidade vizinha.
"Acho completamente errada a contratação de atletas sem
o menor vínculo com a cidade,
que no dia seguinte às provas
nem aqui estarão. A regra deveria proibir isso, mas infelizmente não há interesse", disse.
A Prefeitura de Franca desconversa sobre o assunto e,
apesar de admitir a contratação, nega que seja pelo fato de a
cidade ser a sede do evento.
"As equipes de xadrez e damas têm gente contratada, mas
é para completar o quadro de
atletas e não para fazer a diferença no final", afirmou o secretário-adjunto de Esportes,
Francisco Mariano Mendes.
O nadador João Paulo de Oliveira, 28, é um exemplo da filosofia francana para este ano.
Ex-campeão paulista, brasileiro e medalhista no Troféu Brasil, uma das mais importantes
competições aquáticas, ele recebeu cachê para integrar a delegação de Franca, mesmo tendo nascido em Palmital. Antes,
competiu por sete anos por
Santos, onde treinava.
"Venho, fico dois dias e vou
embora. Claro que não é o ideal
para a cidade, mas é uma forma
polêmica de conseguir resultado", disse o nadador, um dos
dois contratados entre os quatro da equipe masculina.
No time de futsal dos donos
da casa, que disputou a final,
dois brasileiros que atuam na
liga italiana foram reforços, já
que estão em recesso na temporada por lá. A atitude descontentou alguns adversários.
"Treinamos o ano todo com
estes garotos para chegar aqui e
ver esses contratados. Fazemos
um trabalho sério e não vemos
resultados", disse José Chagas
de Almeida, técnico do time de
Tabatinga, que enfrentou
Franca na primeira fase e foi
derrotado por 4 a 2.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Na natação, Ribeirão vence 36 das 38 provas Índice
|