Ribeirão Preto, Domingo, 26 de Dezembro de 2010

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Pronto, prédio aguarda curso de medicina

Instituição em Barretos investe R$ 18 mi, mas, após um ano, ainda não teve autorização para abrir a carreira

Ao todo, a unidade e a Universidade de Franca preveem abrir 120 vagas por ano para estudantes de medicina

Edson Silva/Folhapress
Microscópios novos numa sala do prédio que pretende abrigar um curso de medicina e oferecer 60 vagas em Barretos

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Uma instituição de Barretos fez, há um ano, um pedido para criar um curso de medicina e investiu R$ 18 milhões, com verba do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para erguer "uma faculdade de excelência". Mas ainda não teve resposta.
O objetivo da instituição, ligada a Henrique Prata, gestor do Hospital de Câncer, referência no tratamento da doença no país, é oferecer 60 vagas no curso de medicina.
Ele é enfático: "Não construí faculdade para ganhar dinheiro, mas para dar suporte à obra que meu pai me confiou, de tocar o hospital. Tenho um complexo de medicina de 60 mil m2 e não há médico para trabalhar aqui."
O hospital atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e, para Prata, esse público é o maior prejudicado. A espera para grandes cirurgias, como de cabeça e pescoço, mama e intestino, é de pelo menos seis meses.
Prata diz que faltam 150 médicos oncologistas e de atenção básica em Barretos e em unidades que o Hospital de Câncer mantém em Rondônia, Mato Grosso e Bahia.
"Concordo que faculdades ruins têm de ser fechadas e punidas, mas não se pode impedir a abertura de escolas de qualidade."
Além dessas 60 vagas, a região espera pela abertura de igual número em Franca, na Unifran (Universidade de Franca). O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou neste mês o curso, mas falta a homologação do ministro Fernando Haddad, que tem poder de vetar.

DEMANDA
Novos cursos dependem de autorizações do MEC e do CNS (Conselho Nacional de Saúde). As dificuldades para a contratação de médicos são fruto justamente da falta de mão de obra para cobrir as demandas, segundo hospitais e entidades de classe.
Por ano, cinco instituições de ensino regionais formam cerca de 380 médicos, mas nada garante que esses profissionais fiquem na região.
Por outro lado, o próprio volume de vagas de medicina oferecidas na região é um dos empecilhos para abrir novos cursos. O CNS diz que esse paradigma vai mudar.
O pedido da Unifran é de 2007 e a instituição investiu R$ 4 milhões, segundo a reitora Rosalinda Chedian Pimentel -o pedido havia sido negado pelo MEC há um ano, sob a alegação de que o Estado tem 37 cursos.
"Vamos oferecer 60 vagas não para trabalhar em São Paulo, mas para atuar no país. A tese quantitativa [do conselho] não se sustenta."
Enquanto isso, o bloco ouro da universidade, destinado à medicina, é ocupado com atividades de psicologia e até de engenharia.


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