Ribeirão Preto, Sábado, 26 de dezembro de 1998

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SAÚDE
Cidade tem os piores índices do Estado de crianças nascidas com menos de 2,5 kg; médicos se preocupam
Ribeirão é líder em baixo peso de bebês

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
Berçário da Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto, que realiza partos de alta complexidade


da Folha Ribeirão

A DIR (Direção Regional de Saúde) de Ribeirão Preto tem o maior índice do Estado de bebês com peso considerado abaixo do normal. O nível tolerável é 2,5 quilos.
Os números, referentes ao ano de 97, foram divulgados no último boletim da Secretaria de Estado da Saúde e Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
Os 23 municípios da DIR de Ribeirão têm um índice de 1,42% de crianças nascidas com menos de 1.500 gramas e 8,17% de bebês entre 1.500 e 2.499 gramas.
O índice médio do Estado é de 1,2% para bebês com menos de 1.500 gramas e 7,5% entre 1.500 e 2.499 gramas.
O principal motivo do baixo peso, segundo médicos, é o nascimento prematuro.
Segundo o médico Francisco Mauad Filho, professor da USP (Universidade de São Paulo), o nascimento prematuro é um problema político e social.
"Os bebês que nascem abaixo do peso geram um custo operacional muito grande, porque passam muito tempo internados, e, no futuro, podem ter problemas neurológicos e até um Q.I (Quociente de Inteligência) abaixo da média."
Ele, que também é médico do HC, diz que as mães fumantes têm bebês com cerca de 300 gramas a menos que a média.
"O atendimento à mulher grávida ainda é precário, já que raras vezes é oferecido transporte a ela."
O segundo índice mais alto do Estado de bebês nascidos com menos de 1.500 gramas é o da DIR de Barretos, de 1,36%.
Os principais motivos dos partos prematuros são doenças das mães, especialmente hipertensão e diabetes, e hábitos como o tabagismo e o uso de drogas. As doenças placentárias também provocam redução no peso do bebê.
A bióloga Ana Cristina Faria, 29, estava grávida de seis meses e meio quando notou que o bebê havia parado de se mexer.
"A bolsa furou e começou a vazar líquido. Um exame de sangue apontou que o bebê estava com infecção. Então, precisei tirar o bebê antes antes da hora."
Rafaela, segunda filha de Ana Cristina, nasceu em outubro com 1.015 gramas. Dez meses antes, a bióloga já havia tido outra menina, Heloísa, também com baixo peso -1.270 gramas.
Segundo o diretor de planejamento da DIR de Ribeirão, Hélio Tabajara Patelli, a região registrou um índice alto de bebês de baixo peso por atender casos de partos difíceis de outras regiões.
"Acabamos tendo que arcar com um índice alto pela qualidade do serviço. Realizamos partos de alto risco de outras regiões", afirma.
Segundo Mauad Filho, 45% dos pacientes atendidos no HC são de outras cidades.
"O HC presta atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a pacientes de outras regiões. Não acredito que o índice aqui seja mais alto que a média", diz Mauad Filho. O hospital faz em média 200 partos por mês.
A Maternidade Sinhá Junqueira também realiza partos de alta complexidade, devido ao Centro de Reprodução Humana.



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