Ribeirão Preto, Domingo, 27 de Setembro de 2009

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Triplica número de novos pilotos na região

Procura é estimulada pelo maior volume de passageiros, crescimento das companhias aéreas e ainda pelo desejo de voar

Itápolis formou 300 novos pilotos, o triplo de dois anos atrás; em Ribeirão Preto, aeroclube amplia sala e irá comprar aeronave


Márcia Ribeiro/Folha Imagem
O engenheiro Pedro Castelli, 25, que quer ser piloto comercial, em aula em avião monomotor no aeroclube de Ribeirão Preto

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Mais aviões no céu a cada dia e um volume crescente de passageiros, somados ao sonho de criança de voar, têm impulsionado principalmente jovens a procurar por cursos de piloto nos aeroclubes da região de Ribeirão. O número de novos formados triplicou em dois anos.
O sonho de ser piloto ganha asas também com a tradição agropecuária, o que impulsiona a existência de seis aeroclubes e escolas de aviação na região de Ribeirão. Culturas como a da cana-de-açúcar e laranja dependem da pulverização realizada pelos aviões. No Estado, existem 45 aeroclubes e outras 47 escolas de avião.
Itápolis abriga um dos principais centros de formação de pilotos na região. O Aeroclube e a EJ Escola de Aviação, juntas, formaram 300 pilotos no ano passado. Dois anos antes, o total de aprovados era de cerca de cem. O Aeroclube de Franca formou 12 no ano passado, quatro vezes mais do que em anos anteriores.
Em Ribeirão Preto, a procura pelos cursos teóricos e pelas aulas práticas de voo também tem crescido a cada ano. De acordo com o presidente do Aeroclube de Ribeirão, Olivo Lofiego Junior, o curso preparou 52 novos pilotos no ano passado, o dobro do total de dois anos antes.
"Falta piloto no mercado. Hoje, a companhia aérea que procurar um piloto experiente não acha. Então, é preciso desde já preparar os novos", disse Lofiego Júnior. O aeroclube ampliou salas de aula e irá comprar mais uma aeronave.
O perfil do aspirante a piloto, em geral, é de jovens com idades entre 18 e 30 anos. "Alguns com 17 anos já vêm para começar o curso teórico antes de completar 18", disse o instrutor de voo de Itápolis, Emílio Tanada de Melo. Entre os alunos, há também mulheres interessadas em se tornarem comandantes de aeronaves. Hoje, há duas alunas no curso.
A maior barreira, porém, é o preço. A hora de voo não sai por menos de R$ 252. Na primeira etapa, o curso de piloto privado exige um mínimo de 40 horas de voo, um pacote de R$ 10 mil a R$ 12 mil. Para piloto comercial, os custos são de no mínimo R$ 20 mil, para o mínimo de 150 horas de voo, para trabalhar como piloto particular ou em empresas de táxi aéreo.
Os gastos são crescentes até atingir o parâmetro mínimo de mil a 1.500 horas de voo, o que exigem hoje as companhias aéreas. Os salários também são compensadores, nesta fase: de R$ 10 mil a R$ 20 mil.
O engenheiro de produção Pedro Castelli, 25, preenche agora as horas de voo para piloto comercial. O interesse em voar, porém, é para hobby: o pai pretende comprar um avião bimotor. "Sempre gostei de avião. Só faltava tempo para começar", afirmou.
Leandro Giardina Leite, 19, decidiu largar a Faculdade de Física em São Carlos para apostar em um sonho de criança. "Eu morava em São Paulo, perto de Guarulhos. Enchia meu pai para ir ao aeroporto ver os aviões." Ele espera, um dia, voar em linhas internacionais.
Dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmam a expansão do setor no país. Existem atualmente 5.300 pilotos de companhias aéreas no Brasil e outros 6.100 comerciais -de empresas de táxi aéreo ou pilotos de aeronaves particulares.
Desde 2007, a frota do país ganhou 933 aeronaves, incluindo helicópteros. Hoje a frota é de 12.284. Se forem consideradas as aeronaves de companhias aéreas, são 562 unidades, 90 a mais do que há dois anos.


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