Ribeirão Preto, Sexta-feira, 27 de Novembro de 2009

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Incidência de Aids cai mais em Ribeirão

Cidade foi a que teve maior diminuição de casos proporcionais entre as que têm mais de 500 mil habitantes no Brasil

Em dez anos, índice caiu de 92,3 pessoas doentes por 100 mil habitantes para 31,6 em 2007; redução de danos iniciou nos anos 90


JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão Preto foi a cidade brasileira com população superior a 500 mil habitantes que mais conseguiu diminuir os dados de incidência de Aids entre 1997 e 2007, de acordo com o Mapa da Aids, do Ministério da Saúde, divulgado ontem. Apenas nove dos maiores municípios do país tiveram queda no número de casos.
Em dez anos, a incidência da doença em Ribeirão caiu 72,5%. Em 1997, o índice era de 92,3 pessoas doentes para cada 100 mil habitantes. Em 2007, a proporção caiu para 31,6.
Para a coordenadora municipal de DST/Aids, Fátima Neves, os dados refletem os trabalhos de prevenção e redução de danos iniciados na década de 90, quando o alarde com a doença era maior e os obstáculos para enfrentá-la também.
Ela cita como exemplo dessa resistência o trabalho local de doação de seringas para usuários de drogas, iniciado em 1997, que foi bastante questionado à época. "Diziam que a gente incentivava o uso de drogas, mas, como profissionais da saúde, nossa preocupação era só com a saúde", disse.
Além da prevenção entre os grupos mais vulneráveis à doença, como usuários de drogas e profissionais do sexo, Neves diz que a cidade está observando na atualidade o trabalho de prevenção e educação iniciados em escolas nos anos 90.
Desde a década passada, também aumentaram os postos públicos de atendimento que fazem testes de HIV e dão assistência aos doentes. Segundo Neves, são feitos 1.500 testes por mês e as cinco distritais estão preparadas para atender os pacientes.
No próximo ano, Ribeirão vai instalar uma unidade de saúde especializada em DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) na região central. O local foi escolhido, segundo Neves, por estar próximo a grupos vulneráveis, como drogados e travestis, que frequentam a região da Baixada.
Trabalhando com soropositivos desde o início da epidemia de Aids, no final da década de 80, Joana Darc Costa, presidente da ONG Rosa Vermelha, que apoia a causa de homossexuais e simpatizantes, diz que a queda na incidência apontada pela pesquisa ainda não é tão evidente nas ruas. "A vulnerabilidade ainda é grande e eu percebo que as pessoas, quando falo em prevenção, não dão muita importância", diz.
Na região, a maior incidência, contando as cidades com mais de 50 mil habitantes, é Barretos, com 44,1 doentes por 100 mil.


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