|
Próximo Texto | Índice
Incidência de Aids cai mais em Ribeirão
Cidade foi a que teve maior diminuição de casos proporcionais entre as que têm mais de 500 mil habitantes no Brasil
Em dez anos, índice caiu de 92,3 pessoas doentes por 100 mil habitantes para 31,6 em 2007; redução de danos iniciou nos anos 90
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ribeirão Preto foi a cidade
brasileira com população superior a 500 mil habitantes que
mais conseguiu diminuir os dados de incidência de Aids entre
1997 e 2007, de acordo com o
Mapa da Aids, do Ministério da
Saúde, divulgado ontem. Apenas nove dos maiores municípios do país tiveram queda no
número de casos.
Em dez anos, a incidência da
doença em Ribeirão caiu
72,5%. Em 1997, o índice era de
92,3 pessoas doentes para cada
100 mil habitantes. Em 2007, a
proporção caiu para 31,6.
Para a coordenadora municipal de DST/Aids, Fátima Neves, os dados refletem os trabalhos de prevenção e redução de
danos iniciados na década de
90, quando o alarde com a
doença era maior e os obstáculos para enfrentá-la também.
Ela cita como exemplo dessa
resistência o trabalho local de
doação de seringas para usuários de drogas, iniciado em
1997, que foi bastante questionado à época. "Diziam que a
gente incentivava o uso de drogas, mas, como profissionais da
saúde, nossa preocupação era
só com a saúde", disse.
Além da prevenção entre os
grupos mais vulneráveis à
doença, como usuários de drogas e profissionais do sexo, Neves diz que a cidade está observando na atualidade o trabalho
de prevenção e educação iniciados em escolas nos anos 90.
Desde a década passada, também aumentaram os postos públicos de atendimento que fazem testes de HIV e dão assistência aos doentes. Segundo
Neves, são feitos 1.500 testes
por mês e as cinco distritais estão preparadas para atender os
pacientes.
No próximo ano, Ribeirão vai
instalar uma unidade de saúde
especializada em DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) na região central. O local
foi escolhido, segundo Neves,
por estar próximo a grupos vulneráveis, como drogados e travestis, que frequentam a região
da Baixada.
Trabalhando com soropositivos desde o início da epidemia
de Aids, no final da década de
80, Joana Darc Costa, presidente da ONG Rosa Vermelha,
que apoia a causa de homossexuais e simpatizantes, diz que a
queda na incidência apontada
pela pesquisa ainda não é tão
evidente nas ruas. "A vulnerabilidade ainda é grande e eu
percebo que as pessoas, quando
falo em prevenção, não dão
muita importância", diz.
Na região, a maior incidência, contando as cidades com
mais de 50 mil habitantes, é
Barretos, com 44,1 doentes por
100 mil.
Próximo Texto: Após a notícia, optei por viver, diz soropositivo Índice
|