Ribeirão Preto, Sábado, 27 de Dezembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Gimenes fecha seis unidades
e dispensa 313

Crise, no entanto, é pontual e não deve se generalizar, segundo avaliação da empresa e de entidade que representa o setor

Grupo informa que unidades eram deficitárias e que vai tentar realocar parte dos funcionários demitidos nas 24 lojas que restaram


Silva Junior/Folha Imagem
Funcionários em frente à unidade do supermercado Gimenes na avenida Costa e Silva, em Ribeirão Preto, que foi fechada ontem

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A demissão de 313 empregados e o fechamento de 20% das suas 30 lojas pela rede de supermercados Gimenes, anunciada ontem, é um problema pontual, e não significa uma crise generalizada do setor, segundo avaliação do próprio grupo e da Apas (Associação Paulista de Supermercados).
O Gimenes é a maior rede supermercadista do interior de SP em número de lojas, mas enfrenta uma crise financeira que o levou a entrar, há uma semana, com um pedido de recuperação judicial. Antes, a rede foi oferecida ao grupo Savegnago, que tem 19 lojas em SP, mas o negócio não prosperou.
O fechamento de lojas e as demissões fazem parte do plano de recuperação judicial, medida considerada necessária pelo Gimenes em razão da crise econômica global e do fracasso nas negociações para a venda ao grupo Savegnago.
"Esta ação faz parte do processo de reestruturação comandado pela direção da rede de supermercados Gimenes, que visa equilibrar a saúde financeira do grupo, por meio da redução das despesas operacionais de lojas economicamente inviáveis", informou o Gimenes, por meio de nota.
O Gimenes afirmou ainda que todos os encargos trabalhistas dos demitidos serão honrados e que a operação das demais lojas continua de forma "saudável e competitiva". O grupo informou ainda que fará esforços para que parte do efetivo das lojas fechadas seja realocada para outras unidades.
Para o diretor regional da Apas, Aurélio José Mialich, a importância do Gimenes é notória no interior, mas as lojas fechadas são em locais de muita concorrência. Assim, a clientela será absorvida por outras redes, o que afasta a hipótese de crise no setor.
"Nunca é bom ouvir uma notícia assim envolvendo um companheiro. Porém, em termos de mercado, não há crise. Toda a demanda deles será naturalmente absorvida pelos demais supermercados, assim como os postos de trabalho que foram fechados. É como a lei de Darwin, onde os mais fortes sobrevivem", disse Mialich.
Agora, o Gimenes tem supermercados em 16 cidades do interior paulista, a maioria na região de Ribeirão Preto -a rede chega a Rio Claro e a Catanduva. A cidade onde o enxugamento teve maior impacto foi Franca, que teve as suas duas filiais fechadas e cerca de 100 funcionários demitidos.
Os demais fechamentos aconteceram em Ribeirão Preto (55 demissões), Araraquara (56), Sertãozinho (40) e Bebedouro (62). O grupo não revelou o valor da dívida que o levou a pedir recuperação judicial.
Antes de pedir ajuda para quitar suas dívidas, o grupo tinha 30 lojas em 17 cidades e cerca de 2.800 funcionários. Em 2007, ficou em 20º lugar no ranking nacional de supermercados, com faturamento anual de R$ 509 milhões. Da região, apenas o Savegnago ficou à sua frente, na 19ª colocação.
Em 2006, 80% da rede foi adquirida pelo G&G (Governança & Gestão Investimentos), que tem como sócio Antônio Kandir, ex-ministro do Planejamento no governo FHC.


Próximo Texto: Saiba mais: Cortes vieram após fracasso em negociação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.