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Artesãos de Ribeirão sofrem com a falta de profissionalismo
Maioria dos 500 cadastrados na Secretaria da Cultura não tem produção regular e não sabe qual item vai vender mais
Para criar produtos com DNA regional e capacitar
os artistas, Secretaria da Cultura está implantando na cidade Projeto Nômade
DA FOLHA RIBEIRÃO
As mãos que têm habilidade
de produzir peças de madeira,
colares e produtos de tecido
não possuem a mesma destreza
para escolher produtos que sejam fáceis de vender e gerem
renda. Os chamados artesãos
em Ribeirão Preto carecem de
organização e profissionalismo
para que atividade deixe de ser
apenas um hobby.
Estão cadastrados 500 artesãos em Ribeirão, mas, em muitos casos, o registro é velho, e a
pessoa mantém contato esporádico com a prefeitura.
Um dos principais diagnósticos da Secretaria da Cultura é o
de que faltam instrumentos ao
artesão para vender seus produtos. Além disso, a cidade precisa formar um mercado consumidor dessa arte.
"Queremos criar uma alternativa econômica. Muitos nem
sabem se é melhor produzir um
bandeja ou um abajur. Não sabe qual vende mais", disse a secretária Adriana Silva.
Os dois grupos mais organizados atuam nas principais
praças da cidade -Bandeiras e
Sete de Setembro. O Arte Vida,
que reúne 200 associados e trabalha, principalmente, Sete de
Setembro aos domingos, acaba
de ganhar sede própria.
O grupo também participa da
feira de artesanato realizada na
época de Natal, no Palace Hotel, no centro. Os artesãos comemoram o espaço conquistado para expor os produtos, mas
ainda relatam dificuldades.
Artesã de produtos de biscuit
há um ano, Rita de Cássia Justino de Lima, 30, disse ter muita
dificuldade para vender seus
produtos. "Eu sou boa em produzir, mas não sei negociar. O
biscuit é um material caro, mas
o preço final tem que ser bem
barato ou não vende."
Rosalva Arantes Lopes de
Oliveira, 66, produz bordados
em tecido -alguns dos desenhos trazem símbolos da cidade, como o Theatro Pedro 2º.
Na sua visão, uma das principais dificuldades é que o verdadeiro artesão acaba por competir na cidade com produtos
mais baratos. "A pessoa vai na
25 de Março [rua popular em
São Paulo], compra coisa pronta e diz que é artesanato. É uma
concorrência desleal."
Benedita Delfina da Silva,
que há 15 anos trabalha com
tear mineiro, diz que faltam espaços para expor o artesanato
na cidade. "Vendo muita coisa
na rua. Antes tínhamos mais
opções, como o Fórum."
Além do Arte Vida, se destacam na cidade os artesãos da
praça das Bandeiras, que, atualmente, vive um racha. Alguns
se consideram artesãos genuínos e querem a saída dos que
vendem produtos comerciais.
Identidade
No Estado, 68 mil pessoas
possuem a carteira de artesãos
emitida pela Sutaco (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades), órgão
criado há 30 anos.
Além de ser responsável por
aplicar a prova e certificar que a
pessoa sabe produzir sua arte, a
Sutaco incentiva o artesanato
regional ao comprar produtos e
revendê-los na loja, no centro
de São Paulo, e nas principais
feiras do gênero no país.
A região, infelizmente, está
fora desse circuito. O superintendente da Sutaco, Valmir
Madazio, disse não se lembrar
de ter comprado produtos de
artesãos da região.
Uma das lacunas é a falta de
um produto artesanal com
identidade local, que use matéria-prima da terra, a exemplo
do artesanato do Vale do Ribeira, que usa o bananal como matéria-prima.
Para criar produtos com
DNA regional e capacitar o artesanato, está sendo implantado em Ribeirão o Projeto Nômade. A ideia é usar matéria-prima da cana e do café para
produzir peças locais.
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