Ribeirão Preto, Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009

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Ribeirão patina em reciclagem de lixo

Embora existam projetos aprovados há cerca de cinco décadas sobre o assunto, coleta seletiva só atende 4% da cidade

Para a vice-presidente do Comdema, Jeane Bordini, é preciso ampliar coleta e criar mais usinas de reciclagem em Ribeirão Preto


Silva Junior/Folha Imagem
Cooperados trabalham na separação de material reciclável na cooperativa Mãos Dadas, que opera no Jardim Branca Salles

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Apesar de a preocupação com o meio ambiente estar em evidência mais recentemente, não é de hoje que Ribeirão Preto fala em reciclagem de lixo. O problema é que, ainda que existam projetos sobre aproveitamento de resíduos há cerca de cinco décadas, a cidade não conseguiu avançar de maneira adequada no assunto.
Atualmente, a própria prefeitura reconhece que a coleta seletiva atinge apenas 4% do total de resíduos recicláveis gerados em Ribeirão.
Em números concretos, significa que apenas cinco toneladas de lixo reciclável são coletadas diariamente, segundo o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), órgão que controla o serviço.
De acordo com um levantamento feito pela Folha com base em leis municipais, o aproveitamento do lixo é abordado em projetos de autoria de prefeitos e vereadores há pelo menos cinco décadas.
A proposta mais antiga encontrada na pesquisa data de 1956, de autoria do então prefeito Costábile Romano, cujo texto previa a exploração de serviços de industrialização do lixo. Outro projeto com texto semelhante foi sancionado em 1963 pelo então prefeito Alfredo Condeixa Filho.
Na última década, com o aumento da preocupação ambiental, os projetos sobre reciclagem surgiram com mais frequência. O levantamento mostra que existem pelo menos 12 propostas que tratam de coleta seletiva aprovadas pelos vereadores desde 2000.
Há leis que obrigam a seleção do lixo reciclável em conjuntos residenciais, restaurantes, clubes e hotéis. Outro projeto prevê a colocação de contêineres para descarte de materiais recicláveis em todas as praças, escolas e creches de Ribeirão.
Sem que haja uma rede ampla de coleta seletiva do lixo, e sem usinas suficientes para processamento desse material, a maior parte das leis jamais saiu do papel.
"Não é que as leis não pegaram, é que existem alguns projetos que são engavetados. São todos em benefício do meio ambiente, mas é preciso que sejam desengavetados", disse o vereador Coraucci Neto (DEM), autor de ao menos quatro propostas sobre reciclagem desde 2000.
Para a vice-presidente do Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Jeane Bordini, a situação de Ribeirão no que se refere ao reaproveitamento do lixo é de muito atraso.
Para Bordini, a paralisação das atividades da cooperativa de recicladores Cooperútil colaborou para que o trabalho não avançasse na cidade. A cooperativa foi desativada em 2008, segundo Bordini, por "descuido" da prefeitura.
Outra cooperativa que está em atividade em Ribeirão, atuando na seleção de material reciclável, é a Mãos Dadas, que opera em um galpão cedido pela prefeitura no Jardim Branca Salles (leia texto nesta página).
Segundo Bordini, é necessário que a prefeitura amplie a estrutura de cooperativas de reciclagem, além de aumentar o sistema de coleta seletiva.
"Estamos brigando para que mais usinas sejam instaladas", disse a vice-presidente do Comdema. Segundo ela, a própria Cooperútil poderia voltar a funcionar com apoio da prefeitura porque está com sua situação jurídica regularizada.


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