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POLÍTICA
Paulino afirma que governador é "oportunista", Rafael é cabo eleitoral, e Médici prefere alguém com tradição
PSB da região se divide sobre Garotinho
DA FOLHA RIBEIRÃO
O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, é o virtual
candidato do PSB à Presidência
da República. Ele deixou o PDT
no final do ano passado, após um
racha com o líder nacional da sigla Leonel Brizola.
Na região, no entanto, Garotinho não é unanimidade. O secretário dos Esportes de Ribeirão
Preto, Leopoldo Paulino, é contra
a candidatura do governador. O
vice-prefeito de Araraquara, Sérgio Médici, até defende Garotinho, mas afirma que prefere a
candidatura de alguém com
"mais tradição" socialista.
Já o único deputado estadual do
partido na região, Rafael Silva, defende o governador e é um entusiasta de sua candidatura.
"Vejo com maus olhos a entrada do Garotinho no partido. É um
aventureiro que não tem nada de
socialista", afirmou Paulino, vereador em quarto mandato -está licenciado para ser secretário-
, presidente municipal, membro
da direção nacional e ex-presidente estadual do PSB.
Para Paulino, o governador está
ligado a "esquemas evangélicos
imorais". "Que fique bem claro
que eu não sou contra os evangélicos. Muitos deles morreram lutando pela causa [socialista]. Só
que o Garotinho é ligado a esquemas evangélicos que só se preocupam com dinheiro." Guerrilheiro
na juventude, ele defendeu a ALN
(Ação Libertadora Nacional) em
Ribeirão nos anos 60.
Médici afirmou que o PSB tem
dois pré-candidatos a presidente
-além de Garotinho, há ainda o
governador do Amapá, João Capiberibe. Sobre sua preferência, é
vago: "ainda não me defini, mas a
tendência é pelo Garotinho".
O vice-prefeito, que acumula o
cargo de secretário dos Negócios
Jurídicos da administração e ainda é o presidente do PSB na cidade, disse que, se o governador fluminense foi aceito no partido, isso
tem de ser respeitado.
Mesmo assim, Médici afirma
que, se houvesse possibilidade,
preferiria que o PSB tivesse outro
nome para a candidatura presidencial. "Já está definido que teremos candidato. Em novembro teremos um congresso nacional para definir quem será", disse.
Já Paulino é contra a proposta.
Ele defende a união dos partidos
de esquerda, mas rechaça a possibilidade de um candidato único
das oposições ao presidente Fernando Henrique Cardoso, o que
incluiria o governador de Minas
Gerais, Itamar Franco (hoje no
PMDB), e o ex-governador do
Ceará e ex-ministro da Fazenda,
Ciro Gomes (PPS).
"Ciro, Itamar, essa gente não é
de esquerda. Defendo a união das
esquerdas. Minha proposta de coligação é com PT, PC do B, PSTU,
esses partidos", afirmou.
Segundo ele, há muitos dirigentes socialistas de outros Estados
que são contra a candidatura de
Garotinho. "Teremos uma reunião do diretório nacional em 15
dias para resolver isso."
Pró-Garotinho
Rafael Silva diz que o governador fluminense é um homem de
esquerda. "O Garotinho foi um
dos fundadores do PT e sempre
foi ligado a partidos de esquerda",
afirmou.
Para o deputado, as acusações
que estão sendo divulgadas ultimamente contra o governador já
fazem parte do início da campanha eleitoral. "Se a eleição fosse
daqui a 15 dias, ele [Garotinho]
seria o presidente. Ele iria para o
segundo turno e ganharia as eleições", afirmou Rafael.
O deputado relaciona uma série
de argumentos pró-Garotinho,
que demonstram que ele já é um
fervoroso cabo eleitoral. "Ele foi
considerado o melhor prefeito do
país e é o melhor governador do
Brasil. As pesquisas mostram isso. Ele assume posição mesmo,
não fica em cima do muro. Isso
tudo pesa numa campanha."
Rafael é contra a união das esquerdas. "Os candidatos de oposição não devem praticar autofagia. Devem centrar fogo apenas
no FHC, porque tem o segundo
turno, mas todos têm de ser candidatos."
(ES)
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