Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Julho de 2001

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POLÍTICA
Paulino afirma que governador é "oportunista", Rafael é cabo eleitoral, e Médici prefere alguém com tradição
PSB da região se divide sobre Garotinho

DA FOLHA RIBEIRÃO

O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, é o virtual candidato do PSB à Presidência da República. Ele deixou o PDT no final do ano passado, após um racha com o líder nacional da sigla Leonel Brizola.
Na região, no entanto, Garotinho não é unanimidade. O secretário dos Esportes de Ribeirão Preto, Leopoldo Paulino, é contra a candidatura do governador. O vice-prefeito de Araraquara, Sérgio Médici, até defende Garotinho, mas afirma que prefere a candidatura de alguém com "mais tradição" socialista.
Já o único deputado estadual do partido na região, Rafael Silva, defende o governador e é um entusiasta de sua candidatura.
"Vejo com maus olhos a entrada do Garotinho no partido. É um aventureiro que não tem nada de socialista", afirmou Paulino, vereador em quarto mandato -está licenciado para ser secretário- , presidente municipal, membro da direção nacional e ex-presidente estadual do PSB.
Para Paulino, o governador está ligado a "esquemas evangélicos imorais". "Que fique bem claro que eu não sou contra os evangélicos. Muitos deles morreram lutando pela causa [socialista]. Só que o Garotinho é ligado a esquemas evangélicos que só se preocupam com dinheiro." Guerrilheiro na juventude, ele defendeu a ALN (Ação Libertadora Nacional) em Ribeirão nos anos 60.
Médici afirmou que o PSB tem dois pré-candidatos a presidente -além de Garotinho, há ainda o governador do Amapá, João Capiberibe. Sobre sua preferência, é vago: "ainda não me defini, mas a tendência é pelo Garotinho".
O vice-prefeito, que acumula o cargo de secretário dos Negócios Jurídicos da administração e ainda é o presidente do PSB na cidade, disse que, se o governador fluminense foi aceito no partido, isso tem de ser respeitado.
Mesmo assim, Médici afirma que, se houvesse possibilidade, preferiria que o PSB tivesse outro nome para a candidatura presidencial. "Já está definido que teremos candidato. Em novembro teremos um congresso nacional para definir quem será", disse.
Já Paulino é contra a proposta. Ele defende a união dos partidos de esquerda, mas rechaça a possibilidade de um candidato único das oposições ao presidente Fernando Henrique Cardoso, o que incluiria o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (hoje no PMDB), e o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes (PPS).
"Ciro, Itamar, essa gente não é de esquerda. Defendo a união das esquerdas. Minha proposta de coligação é com PT, PC do B, PSTU, esses partidos", afirmou.
Segundo ele, há muitos dirigentes socialistas de outros Estados que são contra a candidatura de Garotinho. "Teremos uma reunião do diretório nacional em 15 dias para resolver isso."

Pró-Garotinho
Rafael Silva diz que o governador fluminense é um homem de esquerda. "O Garotinho foi um dos fundadores do PT e sempre foi ligado a partidos de esquerda", afirmou.
Para o deputado, as acusações que estão sendo divulgadas ultimamente contra o governador já fazem parte do início da campanha eleitoral. "Se a eleição fosse daqui a 15 dias, ele [Garotinho] seria o presidente. Ele iria para o segundo turno e ganharia as eleições", afirmou Rafael.
O deputado relaciona uma série de argumentos pró-Garotinho, que demonstram que ele já é um fervoroso cabo eleitoral. "Ele foi considerado o melhor prefeito do país e é o melhor governador do Brasil. As pesquisas mostram isso. Ele assume posição mesmo, não fica em cima do muro. Isso tudo pesa numa campanha."
Rafael é contra a união das esquerdas. "Os candidatos de oposição não devem praticar autofagia. Devem centrar fogo apenas no FHC, porque tem o segundo turno, mas todos têm de ser candidatos." (ES)


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