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Bibliotecas de escolas de Ribeirão "pedem socorro"
Maioria da rede estadual tem sala apertada, trancada e sem responsável
Governo só implantou o projeto modelo de sala de leitura em uma das 66 escolas da cidade, a Diva Tarlá de Carvalho
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
A sala, apertada, só comporta estantes. Não há funcionários. O local guarda
também caixas de apostilas,
de aparelhos e de restos de
enfeites da festa junina.
A descrição parece a de um
almoxarifado de repartição
pública, mas é o cenário de
boa parte das bibliotecas das
escolas da rede estadual em
Ribeirão Preto.
Estimativa da Apeoesp
(Sindicato dos Professores
do Ensino Oficial do Estado
de São Paulo) aponta que
80% das bibliotecas das escolas não são adequadas.
A Folha ouviu o relato de
professores, diretores e representantes da Apeoesp sobre a situação de 21 das 66 escolas da cidade.
Em pelo menos dez, entre
elas a Vicente Teodoro de
Souza e a Domingos Baptista
Spinelli, a sala da biblioteca
fica trancada.
O professor, quando necessita, retira livros e os leva
para a classe, pois a turma
não cabe na sala.
"Eu tenho livros para a biblioteca, mas não tenho um
lugar bom", disse a diretora
da Jesus Jacomini, Suzana
Ferro, coordenadora regional da Udemo, sindicato dos
diretores de escola.
Maria Aparecida de Almeida Silva, professora de português da Vicente Teodoro,
conta que trabalha com kits
de livros que cada aluno leva
para casa. Ela também recorre à biblioteca, mas a sala é
pequena para a turma.
"Biblioteca é necessária,
um espaço maior também. O
aluno, tendo acesso ao livro,
tende a crescer", diz Silva.
Em 12 das 21 escolas consultadas, não há ninguém
que tome conta da biblioteca.
Quando há, são os chamados
professores readaptados. "É
aquele que está impossibilitado de dar aula por saúde ou
estresse, mas não recebeu
treinamento para ser bibliotecário", descreve José Wilson Maciel, da Apeoesp.
Na maioria, o acervo é
atualizado, mas os livros ficam em caixas. A situação é
pior nas escolas Rosângela
Basile e Oscar de Moura Lacerda, que sequer tem uma
sala para abrigar os livros.
A Folha tentou visitar algumas escolas, mas foi proibida pela Secretaria de Estado da Educação. A Diva Tarlá
de Carvalho foi a única escola em que a entrada da equipe foi permitida. É justamente a única da cidade que tem
o projeto do governo de sala
de leitura.
A biblioteca tem espaço,
acervo atualizado e dois professores exclusivos. Criado
em 2009, o projeto já rende
dividendos na nota e na disciplina dos alunos.
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