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Engenho antigo vai virar Museu Nacional da Cana
Complexo de 19 prédios em meio a canaviais guarda maquinário original
Propriedade de 130 mil m˛ vai ser transferida pelos Biagi à Prefeitura de Sertãozinho; plano é contar história da cana
ARARIPE CASTILHO
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO
Rodas dentadas que ajudaram a ditar a economia do
país durante a maior parte do
século 20 hoje adormecem
empoeiradas à espera do momento em que servirão para
contar como a cana-de-açúcar fez história no Brasil.
Um complexo de 19 prédios, a maioria do início dos
anos 1900, em meio a canaviais de Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto, abriga maquinário original do
engenho mais antigo do Estado e promete ser o primeiro
Museu Nacional da Cana.
A propriedade tem 130 mil
m˛ e deve ser transferida pela
família Biagi ao poder público para a realização de obras
de recuperação de todos os
pavilhões e equipamentos
que foram preservados por
mais de um século no local.
O Ministério da Cultura já
aprovou a captação de R$ 10
milhões via Lei Rouanet. A
Prefeitura de Sertãozinho e o
proprietário das terras, Luiz
Biagi, 60, esperam arrecadar
ao menos 20% do valor até o
final deste ano para alavancar o projeto, que poderá custar até R$ 40 milhões.
Para acelerar o processo,
um representante dos parceiros envolvidos na iniciativa
irá visitar potenciais interessados em destinar de 4% a
6% do Imposto de Renda devido ao Instituto Cultural Engenho Central. A aplicação
dos recursos, por lei, tem de
ser fiscalizada pela Receita.
Biagi conta que a decisão
foi tomada por ele e sua mãe,
Edilah Biagi, 89, com o objetivo de transformar o Engenho Central em um centro
educacional de referência sobre o setor sucroalcooleiro.
"Praticamente todas as
máquinas da época estão lá.
Acredito que seja o engenho
mais completo do Brasil",
afirmou Biagi. A ideia da família é que o espaço tenha
destino semelhante ao da
USP Ribeirão, também instalada em uma antiga fazenda.
Toda a história da cana-de-açúcar que se pretende
contar no museu nasceu logo
após o descobrimento do
Brasil, em 1.500, mas o Engenho Central começou a ser
construído em 1903 e as primeiras sacas de açúcar foram
produzidas em 1906.
"O Francisco Schmidt [primeiro dono da área] anteviu
a crise do café [1929] e decidiu produzir açúcar. Em
1961, o Maurilio Biagi comprou o engenho e toda estrutura foi preservada até agora", conta Luiz Biagi.
O arquiteto Mário Sérgio
Nobre, 54, coordenador da
restauração, afirma que o
complexo tem "toda uma riqueza histórica que precisa
ser passada para as próximas
gerações". Nobre se envolveu tanto no projeto ao ponto
de se mudar para um dos prédios.
Ele vive hoje no Centro Social Attílio Balbo, casa que foi
do então braço direito da família Schmidt.
"Para comprar um pão tenho que percorrer 9 quilômetros, mas me mudei para cá
no ano passado porque percebi que o projeto levaria
tempo para se concretizar e
também porque me apaixonei por isso aqui", diz.
De olho no potencial turístico do museu, Sertãozinho
pretende integrar a iniciativa
ao Trem da Cana.
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