Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Novembro de 2009 |
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Mulheres de classe média optam pelo parto domiciliar
No ano passado, região registrou 44 partos em casa, sendo 13 deles em Ribeirão Preto; médicos não apoiam a medida
LIGIA SOTRATTI DA FOLHA RIBEIRÃO Se dar à luz em casa foi, no passado, a única alternativa para a maioria das mulheres, hoje, a decisão de ser mãe no conforto do lar é uma opção para um grupo seleto de mães de classe média. Com pouco apoio da classe médica, a decisão requer persistência, planejamento de todas as etapas -inclusive um plano "B"- e investimento de cerca de R$ 3.000. De acordo com levantamento divulgado na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na região foram realizados 44 partos domiciliares em 2008. Em Ribeirão Preto, 13 bebês nasceram em casa. Antônio faz parte dessa estatística. Em março de 2008, ele nasceu em casa graças à insistência de sua mãe, a psicóloga e artista plástica Isabela Mosca Pereira. "O parto normal sempre foi uma vontade. Quando resolvi ter meu filho em casa, eu e meu marido começamos uma maratona para achar alguém que aceitasse fazer." Sem opções na cidade, a ajuda veio da enfermeira obstetra Jamile Claro de Castro Bussadori, 34, de São Carlos. "Para ter um parto domiciliar, é preciso uma gravidez de baixo risco, ou seja, uma gestação sem problemas, e que mãe e bebê estejam bem. Depois da questão de saúde, é preciso trabalhar o lado emocional. É essencial que a mulher conheça o seu corpo para estar tranquila na hora do parto", disse Jamile. Jamile carrega os instrumentos necessários ao parto e a banheira em que a parturiente vai dar à luz e diz sempre ter um plano "B" traçado. "Discutimos tudo antes, o hospital que a mãe será encaminhada, caso haja alguma alteração, e até o trajeto do deslocamento." Mesmo com os cuidados, o coordenador de obstetrícia do HC (Hospital das Clínicas), Geraldo Duarte, não recomenda o parto em casa. "Se no momento mudarem as condições, para onde vai essa gestante? Vai ter vaga no hospital? Vai ter um obstetra à disposição? Para qualquer complicação de obstetrícia é preciso um hospital e um médico", afirmou. Outra opinião tem a médica ginecologista Betina Bittar. Desde 1997, ela trabalha em São Paulo fazendo partos domiciliares. Ela admite que a opção é mais difícil, mas é viável. "Levo todo equipamento, oxigênio, soro, alguns remédios, material de entubação. A gente sabe que pode terminar no hospital. Mas, segundo a minha experiência, isso é raro." Isabela diz que as aulas de ioga e a intimidade com o próprio corpo contribuíram para um parto tranquilo "Fiquei 25 horas em trabalho de parto e não foi cansativo. Foi bonito e especial. Se puder, quero ter o próximo da mesma maneira." A arquiteta Carolina Maistro, 30, que teve o bebê em casa em agosto, também quer repetir a experiência. Próximo Texto: OMS recomenda só 15% de cesáreas; aqui chega a 88% Índice |
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