Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Novembro de 2009

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Franca, 185, busca soluções para seus problemas sociais

Para o sindicato da indústria de calçados, setor voltará a crescer com força em 2010

Professor diz que baixo salário médio da indústria calçadistas e a crise são as principais causas das dificuldades sociais


LEANDRO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A FRANCA

Ao chegar aos 185 anos, comemorados ontem, Franca ainda tem como um dos principais desafios solucionar parte dos seus problemas sociais.
Com uma economia estruturada principalmente em torno do polo industrial calçadista e uma expansão populacional impulsionada pela migração de mão de obra, o município tem a segunda maior população da região de Ribeirão Preto, mas o desempenho na área social nem sempre acompanhou essa evolução.
Números do IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social) divulgados em março pela Fundação Seade, por exemplo, mostraram que Franca está atrás das outras três cidades mais populosas da região, Ribeirão Preto, Araraquara e São Carlos.
Em uma escala de 1 a 5 que avalia critérios de longevidade, riqueza e escolaridade, Franca obteve a nota 4 -quanto mais baixo o número, maior o índice de desenvolvimento social. Ribeirão, São Carlos e Araraquara obtiveram nota 1.
A situação se repetiu em outras avaliações divulgadas neste ano, como o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), no qual Ribeirão, São Carlos e Araraquara ficaram entre as 20 cidades com melhor desenvolvimento social no Estado, enquanto Franca apareceu na 217ª posição.
O professor de história da Unifran (Universidade de Franca) Anderson Luís Venâncio, 30, que estuda a evolução do município, afirma que a baixa média salarial paga aos trabalhadores da indústria, atrelada ao fechamento de vagas por causa da automatização das fábricas e à crise que atingiu o setor calçadista a partir dos anos 1990, são as principais causas das dificuldades sociais existentes no município.
"A média dos salários pagos cai cada vez mais, porque há um excedente de mão de obra para uma demanda que tende cada vez mais a ser pequena", disse Venâncio, especificamente sobre o setor calçadista.
Ele afirma que o setor agrícola, especialmente as lavouras de café e cana-de-açúcar, acabam recebendo um pouco da mão de obra excedente. Mas, afirma, para que Franca possa avançar com mais qualidade nos próximos anos é necessário incentivar a profissionalização da mão de obra em outros setores, como o de serviços.
"O futuro de Franca está no investimento em educação, para que a cidade se torne um tecnopolo", afirmou. Venâncio disse acreditar que a indústria calçadista não deve voltar aos tempos "áureos" e suprir toda a demanda por trabalho que a cidade tem. "Então, ou o trabalhador aprende outro ofício, se especializa em outras coisas, ou vai ter que mudar de cidade."
Em uma análise mais otimista, o presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca), José Carlos Brigagão do Couto, afirma que o setor voltará a crescer com força. Para ele, o avanço será de 10% em 2010 e ainda maior nos próximos anos.
"Nós estamos falando para as indústrias se prepararem para um grande crescimento em 2012", disse. O crescimento deve se refletir em abertura de novas vagas de trabalho.


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