Ribeirão Preto, Domingo, 30 de Novembro de 2008

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Golpes atingem 22 por mês em Ribeirão

20% dos casos registrados como estelionato nos distritos policiais da cidade são de vítimas lesadas de alguma forma

Mulher perde R$ 63 mil no golpe do bilhete falso e casas são assaltadas com golpistas utilizando uniformes da CPFL

DA FOLHA RIBEIRÃO

Todos os meses, em média 22 pessoas são vítimas dos mais variados tipos de golpes em Ribeirão Preto. No município, cerca de 20% dos casos registrados como estelionato nos distritos policiais são de vítimas que foram lesadas por terem sido enganadas.
No segundo semestre -de julho a outubro- foram registrados 452 casos de estelionato em Ribeirão Preto. Os meses de setembro (81 estelionatos) e outubro (58) tiveram os números subjugados por conta da greve da Polícia Civil, que teve início em 16 de setembro e durou 60 dias.
Na manhã da última quinta-feira, uma aposentada de 55 anos perdeu R$ 63 mil ao cair no golpe do bilhete falso. Um casal a procurou em sua casa, no bairro Ribeirânea, em Ribeirão Preto, dizendo que havia acertado as dezenas de um concurso da Caixa Econômica Federal, mas como eram pessoas simples, precisavam de ajuda com o dinheiro.
Eles exigiram provas de que a vítima tinha uma boa condição financeira. Ela, então, juntou jóias, no valor de R$ 60 mil, mais R$ 3.000 em dinheiro, além de cheques e documentos, e acompanhou o casal à casa lotérica. Lá, eles fugiram com todo o material.
Também na quinta-feira, ladrões utilizaram o golpe do disfarce para furtar residências em Ribeirão Preto e em São Carlos. Nos dois casos, eles usavam uniformes da companhia CPFL Paulista.
Em Ribeirão Preto, eles levaram R$ 6.000 de uma casa no bairro Campos Elíseos. Já em São Carlos, furtaram R$ 600 e ainda cobraram R$ 274 do suposto serviço de um aposentado. A mesma estratégia já foi utilizada com roupas dos Correios e de agentes da Vigilância Epidemiológica.
A CPFL, por meio da sua assessoria de imprensa, informou que seus funcionários não fazem visitas a residências sem serem solicitados. Além disso, em nenhuma hipótese essas visitas são cobradas.
Para a Polícia Civil, a única possibilidade de prevenção desse tipo de crime é a informação. De acordo com o delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão Preto José Gonçalves Neto, os alvos principais são os idosos e os adolescentes.
"Eles usam essas pessoas, que normalmente são mais ingênuas. Outra característica é que eles agem perto de agências bancárias ou casas lotéricas", afirmou.
De acordo com Gonçalves Neto, já houve prisões de estelionatários especialistas em golpes como o do bilhete premiado neste ano. "Nossa principal ajuda é o reconhecimento das vítimas, mas até palavras usadas e sotaques podem nos ajudar", afirmou.
O pesquisador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP (Universidade de São Paulo), Sérgio Kodato, atribui a dois fatores o fato de golpistas ainda se manterem no Brasil: ignorância e estado emocional.
"Quando estamos desesperados, precisando de dinheiro ou com a idéia de que algum parente está em perigo, nossa capacidade intelectual é reduzida e a emocional, aumentada. Isso nos faz acreditar em coisas improváveis", afirmou.
(ROBERTO MADUREIRA)


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