Ribeirão Preto, Domingo, 31 de Outubro de 2010

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Estradão origina rodeio mais antigo do país

DO ENVIADO A PARANAÍBA (MS)

O estradão por onde seguiam as comitivas e suas boiadas é apontado como o pai do rodeio brasileiro, por ter originado a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, a mais conhecida do país e que completou 55 anos em 2010.
Até os anos 1950, o município, hoje com 112 mil habitantes, era conhecido praticamente somente por causa de sua pecuária.
Barretos era uma passagem obrigatória das comitivas que levavam o gado entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de ter um frigorífico desde 1913, o Anglo.
E isso foi essencial para o surgimento do rodeio e das festas de peão. Como Barretos era ponto de passagem, os peões dormiam e se alimentavam nos chamados pontos de pouso, em noites regadas a música e brincadeiras, como montarias, ainda improvisadas, no gado.
"Diariamente, vinham de Mato Grosso do Sul de 1.000 a 1.500 cabeças de gado pelo estradão. Além da importância econômica, esses peões trouxeram a cultura caipira que resultou na festa", afirma Mussa Calil Neto, ex-presidente do clube Os Independentes, que organiza a festa.
Foi ele o responsável pela transferência do evento, nos anos 1980, do recinto de dois alqueires -seis campos de futebol- na área urbana para o Parque do Peão, um complexo cuja arena foi projetada por Oscar Niemeyer.
Essa cultura se disseminou e foi responsável pela realização, em 1947, de um rodeio que integrava a programação de uma quermesse -essa foi, de acordo com Os Independentes, a primeira competição de rodeio da qual se tem notícia no país.

SOB O CIRCO
Oito anos depois, sob a lona de um circo, foi feita a primeira edição oficial da festa.
"A dificuldade foi grande no início, mas hoje não dá para pensar em Barretos sem a festa do peão e suas tradições, que tentamos passar aos jovens", diz José Sebastião Domingos, 82, fundador do evento, que este ano recebeu 850 mil em 11 dias.
No Parque do Peão, as memórias do estradão estão preservadas no rancho Ponto de Pouso, que reproduz a passagem dos peões pela cidade de Barretos, inclusive com a Queima do Alho -uma refeição típica, que é composta por arroz carreteiro, paçoca de carne, churrasco e feijão gordo. (MARCELO TOLEDO)


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