São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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Mandarim para menores

Influenciadas pelos pais, crianças procuram cada vez mais os cursos de mandarim, e as escolas que ensinam o idioma já começam a planejar abrir turmas próprias para os pequenos

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Lucas Gabriel Scapellato, 12, que começou o curso de mandarim no início deste ano

FABIANA REWALD
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro, foram os executivos. Depois, os universitários e profissionais de nível superior. Agora, é a vez de crianças e adolescentes se interessarem por aprender mandarim.
Não que o principal idioma da China esteja tomando o lugar do inglês ou do espanhol, que continuam como prioridade dos pequenos estudantes. Mas o mandarim já é considerado importante por muitos pais, que estimulam os futuros poliglotas a buscar um diferencial para o mercado de trabalho.
Aos 12 anos, Lucas Gabriel Scapellato já se vira bem no inglês, aprende o espanhol e desde o início do ano faz aulas aos sábados na unidade Ana Rosa (zona sul de São Paulo) da escola de idiomas Mandarim.
A ideia de estudar o terceiro idioma foi de sua mãe, a comerciante Eleuza Aparecida da Silva, 42, que trabalha com artigos importados da China. "Acho que é importante." Ela conta que o filho não perde uma aula.
A procura de crianças pelos cursos aumentou tanto, que as escolas já pensam em criar turmas específicas. A Mandarim, que também tem uma unidade na região da Paulista, pretende lançar turmas próprias em breve. Dos seus 200 alunos, cerca de dez ou 20, segundo o sócio-diretor Marcell Mazzo, são crianças. A maioria prefere fazer aula particular.
A NinHao, que, além da capital, está em Campinas e em Sorocaba, no interior do Estado, encaminha as crianças interessadas em suas aulas para outras escolas. Mas, em 2011, já pretende acolher os pequenos.
Os irmãos Roger, 9, e Laura Marchten, 13, começaram o curso na Chinbra neste ano. Prestam tanta atenção na aula que acabam não destoando tanto dos colegas adultos. A ideia de matriculá-los foi da mãe, a representante comercial e lojista Ruth Klein, 43. Desde o início de março, eles saem da aula de inglês direto para a de mandarim, nas terças à noite.
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, colunista do Equilíbrio, não vê problema no fato de crianças aprenderem mais de um idioma ao mesmo tempo. "O cérebro tem mais facilidade [para aprender línguas] até os dez anos de idade. Quanto mais cedo a criança estudar a língua, melhor."
Ela diz que o aprendizado pode ser prejudicado pelo estresse da correria, mas que isso depende de cada caso.
Para Suzana, o que mais importa é a motivação, a prática e o método de ensino.
A pesquisadora Elvira Souza Lima, que tem formação em neurociências e psicologia, diz que, do ponto de vista do desenvolvimento do cérebro, estudar mandarim é benéfico para as crianças.
Elvira faz um alerta, no entanto: "O que pode preocupar é o fato de os pais colocarem [o aprendizado] como uma expectativa para o sucesso futuro. As crianças devem ter oportunidade de aprender coisas pelo significado que elas possam ter em sua vida presente".


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