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Escola dos anos 50 e 60 era melhor, mas atendia poucos
DA SUCURSAL DO RIO
A qualidade da educação brasileira só começou a ser avaliada, de forma empírica, a partir
da década de 90. Por isso, para
um retrato mais realista das décadas de 50 e 60, é preciso recorrer a documentos da época
e, principalmente, entender o
contexto histórico que explica
nosso atraso em relação a nações desenvolvidas.
A pesquisadora Maria Luíza
Marcílio, da USP, fez isso ao escrever o livro "História da Escola em São Paulo e no Brasil".
Para ela, a qualidade do ensino
naquela época não era tão maravilhosa quanto às vezes se romantiza, mas é possível dizer
que era melhor do que é hoje.
Ela afirma, no entanto, que
não se deve esquecer de que a
escola pública daquele período
era para poucos. Se hoje, segundo o IBGE, 87% das crianças e
jovens de 5 a 19 anos estão na
escola, em 1960, essa proporção era de apenas 31%.
A pesquisadora destaca que,
nas décadas de 1950 e 1960, o
ensino público, especialmente
nos grandes centros, começa a
se beneficiar do investimento
feito na formação de professores. As universidades, especialmente USP e UFRJ, nas duas
maiores cidades, desempenharam papel importante.
Essa conjunção de uma escola ainda elitista, mas já com
professores formados em estruturas mais profissionais, faz
com que o período seja lembrado por muitos como uma época
de ouro da educação pública
brasileira.
"Aquela, no entanto, era uma
escola excludente, que atendia
a uma classe média que exigia
qualidade", diz a pesquisadora.
Ela lembra que o acesso desigual à escola não era uma peculiaridade do Brasil, mas, na
comparação com nações europeias, nosso processo de massificação do ensino começou
mais tarde. "Já no início da República, estávamos muito atrasados em relação à Europa e a
alguns países da América do
Sul, como Chile, Argentina e
Uruguai."
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