São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Escola dos anos 50 e 60 era melhor, mas atendia poucos

DA SUCURSAL DO RIO

A qualidade da educação brasileira só começou a ser avaliada, de forma empírica, a partir da década de 90. Por isso, para um retrato mais realista das décadas de 50 e 60, é preciso recorrer a documentos da época e, principalmente, entender o contexto histórico que explica nosso atraso em relação a nações desenvolvidas.
A pesquisadora Maria Luíza Marcílio, da USP, fez isso ao escrever o livro "História da Escola em São Paulo e no Brasil". Para ela, a qualidade do ensino naquela época não era tão maravilhosa quanto às vezes se romantiza, mas é possível dizer que era melhor do que é hoje.
Ela afirma, no entanto, que não se deve esquecer de que a escola pública daquele período era para poucos. Se hoje, segundo o IBGE, 87% das crianças e jovens de 5 a 19 anos estão na escola, em 1960, essa proporção era de apenas 31%.
A pesquisadora destaca que, nas décadas de 1950 e 1960, o ensino público, especialmente nos grandes centros, começa a se beneficiar do investimento feito na formação de professores. As universidades, especialmente USP e UFRJ, nas duas maiores cidades, desempenharam papel importante.
Essa conjunção de uma escola ainda elitista, mas já com professores formados em estruturas mais profissionais, faz com que o período seja lembrado por muitos como uma época de ouro da educação pública brasileira.
"Aquela, no entanto, era uma escola excludente, que atendia a uma classe média que exigia qualidade", diz a pesquisadora.
Ela lembra que o acesso desigual à escola não era uma peculiaridade do Brasil, mas, na comparação com nações europeias, nosso processo de massificação do ensino começou mais tarde. "Já no início da República, estávamos muito atrasados em relação à Europa e a alguns países da América do Sul, como Chile, Argentina e Uruguai."


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