São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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Estrelas mirins

Escolas incentivam projetos científicos no ensino médio, e estudantes brilham em feiras internacionais

Eduardo Anizelli/Folhapress
Tamara Gedankien, 18, no espaço Catavento; a estudante teve um asteroide batizado com o seu nome

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Victor Pimenta criou um biodigestor para produzir gás de cozinha por meio de uma mistura de sementes de açaí, urina humana e água.
Victor Thut construiu uma máquina para "filtrar" gás carbônico e diminuir a poluição do ar. E Tamara Gedankien desenvolveu experimentos para mostrar como a matemática ensinada de acordo com o contexto de vida do aluno é mais atraente.
Apesar da diferença de conteúdo, os projetos têm uma coisa em comum: foram feitos por estudantes do ensino médio que apresentaram (ou apresentarão) seus trabalhos em importantes feiras de ciência internacionais.
Histórias como a desses jovens têm se tornado cada vez mais frequentes no país -onde há pouca tradição na realização de feiras de ciências.
Isso porque as escolas estão "acordando" para a importância de incentivar a produção de projetos científicos no ensino médio, dizem os organizadores das principais feiras brasileiras do tipo.
É pelas feiras nacionais que os melhores projetos se credenciam para participar das feiras de outros países.
Os projetos ajudam os alunos a contextualizar o que eles veem na teoria e a "aprender de verdade", ressalta Roseli de Deus Lopes, coordenadora da Febrace, feira de ciência pré-universitária organizada pela USP.
Os estudantes também aprendem a ser mais capazes de argumentar e de relacionar conhecimentos, completa João Carlos Martins, diretor do colégio Renascença (centro de SP) que criou a disciplina de iniciação científica há dois anos.

DESTAQUE
O resultado do maior incentivo das escolas são projetos inovadores que surpreendem pesquisadores lá fora.
O de Tamara, 18, é um exemplo. Desenvolvido na escola Bialik (zona oeste de SP), ele impressionou tanto que ganhou neste ano o primeiro lugar em ciências comportamentais e sociais na Intel/Isef, nos EUA, uma das principais feiras pré-universitárias de ciência do mundo.
Ela levou US$ 8.000 (cerca de R$ 14 mil), uma bolsa de estudos de quatro anos no Illinois Institute of Technology (EUA) e um asteroide batizado com o seu nome.
O projeto de Victor Thut, 16, do Dante Alighieri (zona oeste de SP), também o levou para o Intel/Isef. E para um congresso na Itália, onde ele era o palestrante mais novo e o único cursando o ensino médio. "Enquanto eu apresentava meu projeto, um prêmio Nobel falava na sala ao lado", diverte-se.
Ano que vem, ele irá para a Milset, outra feira de ciências importante, na Eslováquia.
Thut terá a companhia de Paula Sarue, 16, do colégio Renascença, que apresentará uma proposta de solo para diminuir a lesão em ginastas, e de Victor Pimenta, 17.
Morador de Laranjal do Jari, no Amapá, cidade com 40 mil habitantes, e estudante de uma escola pública sem laboratórios, Victor teve de desenvolver sua pesquisa nos fundos do quintal do professor que o orientou.
A ida a Eslováquia será a primeira viagem dele para fora do país.
Já Marina Selbach, 20, aluna da Fundação Liberato (RS), é veterana. Ela apresentou seu projeto -uma estação que trata água com o uso da semente da moringa oleífera- na Espanha, na Holanda e na Turquia. A experiência rendeu uma proposta de estágio em Amsterdã, que, por ora, ela preferiu recusar.


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