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Navegando e naufragando
Alunos perdem o costume de manusear enciclopédias e ainda
sentem dificuldade para encontrar informações de qualidade na
internet; é papel da escola, portanto, orientá-los nas pesquisas
Fotos Carlos Cecconello/Folhapress
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Arthur de Oliveira Araujo, 13, procura informações sobre o mesmo assunto na internet
FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
LUCIANO BOTTINI FILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Fernando Foster, 49, vende enciclopédias da Barsa há
30 anos. Seu modo de trabalhar quase não mudou e ele
continua vendendo tão bem
quanto no início da carreira.
A diferença é que agora
sempre leva um notebook
para as visitas a potenciais
clientes. Assim, pode mostrar os atributos não só da
edição impressa como da digital -quem compra os livros ganha DVD-Rom e acesso ao conteúdo da internet.
Luiz Felipe Pezzino Lugarinho, 12, está no 6º ano do
colégio Elvira Brandão, na
zona sul de São Paulo. Dentre seus cerca de 30 colegas, é
o único que sabe o que é uma
enciclopédia, mesmo que
não a utilize com frequência.
Com um mundo de informações a apenas um clique,
muitos alunos não aprendem a pesquisar em livros, o
que preocupa as escolas.
"Não é preciso evitar a internet, mas o estudante deve
entender a diferença [entre o
material impresso e o que está disponível na rede]", diz
Jorge Cauz, presidente da
Encyclopaedia Britannica.
Diferentemente da Barsa, a
Britannica concentra 95%
das vendas no meio digital.
Antônio Joaquim Severino, professor aposentado da
Faculdade de Educação da
USP, defende que o manuseio dos livros continua uma
via pedagógica insubstituível. "O recurso às fontes eletrônicas é enriquecedor, mas
complementar."
AULA DE BIBLIOTECA
Para suprir essa falta de
costume de pesquisar em livros, o colégio Santa Maria
(zona sul de SP) dá aulas sobre como usar a biblioteca.
"As crianças se assustam
quando ouvem as palavras
"acervo" ou "lombada'", conta a bibliotecária Marilúcia
Bernardi. Os estudantes
aprendem a manusear livros,
jornais e revistas.
Mas a preocupação com o
uso do conteúdo disponível
na internet também existe.
"Às vezes, o professor pressupõe que o aluno sabe pesquisar, mas tem que ter
orientação", diz Miguel
Thompson, diretor de marketing e serviços educacionais
da Editora Moderna.
A ingenuidade faz com
que os estudantes acessem
sites inseguros, recorram a
conteúdos desatualizados e
não saibam a diferença entre
informações boas e ruins.
"Os alunos pensam que sites que trazem poucos resultados são péssimos, em comparação com o Google, que
traz um milhão de respostas", diz Helena Mendonça,
coordenadora de tecnologia
da informação e comunicação da Stance Dual (centro).
Quando há casos de plágio
ou se os alunos escrevem o
que não devem na rede, a escola propõe uma discussão
sobre condutas éticas.
No Santo Américo (zona
oeste), a saída foi convidar
uma empresa de direito eletrônico para conversar com
os alunos. "Passar a noção de
autoria é um desafio", diz a
diretora Elenice Lobo.
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