Quem sai do colégio aos 18 anos tem mais chance de estar preparado para escolher a profissão que o colega mais novo

Marcelo Justo/Folha Imagem

Aos 24 anos, AnaMaria decidiu prestar educação física, mesmo sem receber o apoio do pai

FABIANA REWALD
DA REPORTAGEM LOCAL

Escolher uma profissão ao fim do ensino médio não é tarefa fácil para a maioria dos estudantes. Muitos reclamam que não se sentem preparados para definir que carreira seguir, ainda mais porque se julgam muito novos para isso.
Hoje, como cada escola decide a idade de entrada no ensino fundamental, parte dos alunos termina o terceiro ano do ensino médio com 17 anos, algumas vezes recém-completados.
Mas isso tende a mudar, já que o Ministério da Educação definiu que, a partir de 2010, só podem ser matriculadas no ensino fundamental crianças com seis anos completos até 31 de março (leia nesta página).
Com a mudança, muitas crianças que entram no início de 2010 no primeiro ano do fundamental já sairão do colégio com 18 anos de idade -isso se fizerem aniversário a partir de abril. Já as que fazem aniversário antes sairão do colégio com 17 anos.
De cinco especialistas em educação e carreira ouvidos pela reportagem, quatro concordam que esses meses a mais na escola facilitam a escolha por uma profissão.
"Qualquer acréscimo [de tempo] no ensino médio é um benefício", diz a psiquiatra Maria Stella Sampaio Leite. Orientadora profissional da Colmeia, Maria Stella está acostumada a lidar com jovens indecisos quanto ao futuro profissional.
Ana Maria Guarani, 24, foi um desses casos. Aos 17 anos, ela não queria contrariar o pai e desistiu da educação física para prestar fisioterapia.
Fez um curso técnico de enfermagem, mas, durante um estágio de dois meses, passou a não suportar o ambiente de hospital.
Na Colmeia, descobriu que queria mesmo educação física, curso para o qual vai prestar vestibular em 2010.
Para Rosane Levenfus, autora de "Orientação Vocacional Ocupacional" (Artmed), mais do que a idade, um fator importante para saber se o jovem está pronto para escolher a sua profissão é medir o quanto ele se deixa influenciar pelos outros, principalmente pela família.
Mariza Tavares Lima, professora-titular de orientação profissional no curso de psicologia da PUC-MG, afirma que apenas a idade não determina o nível de maturidade do estudante, mas, quanto mais velho ele for, maior a chance de estar pronto para fazer escolhas.
O que é unanimidade entre os especialistas consultados é que um dos fatores mais importantes para que o aluno esteja pronto para se decidir é receber informações da escola sobre as profissões.
Mariza também aponta que um ensino mais amplo, com aulas de música e artes, por exemplo, ativa diferentes áreas do cérebro e ajuda no amadurecimento do estudante.

Sem pressa
Iraíde Barreiro, professora de educação da Unesp de Assis, defende que não haja pressa para que os alunos saiam da escola. "Por que queremos formar jovens com 17 anos?"
Um dos problemas de apressar a educação dos alunos é queimar etapas, que, segundo a psicóloga Heloisa Yoshida, diretora da consultoria Sistêmica, deixam brechas no desenvolvimento humano.
"É preciso aproveitar a infância e a adolescência, sem deixar lacunas", diz Heloisa.


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