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Estudo em jogadores de vôlei busca os genes da tendinite

Estudo em jogadores de vôlei busca os genes da tendinite

Objetivo é saber se há pessoas com predisposição genética para ter a inflamação e tentar evitá-la

DENISE MENCHEN
DO RIO

O Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad), no Rio, deu início neste mês à coleta de amostras de DNA de jogadores de vôlei que disputam a Superliga.

O objetivo é investigar se existe correlação entre características genéticas e o desenvolvimento de tendinites.

De origem traumática ou degenerativa, a inflamação de tendões é comum em jogadores, afetando articulações como ombros e joelhos.

Segundo a pesquisadora Priscila Casado, do Into, o estudo surgiu da observação de que, apesar de serem submetidos a cargas semelhantes de treinamento e esforço físico, alguns atletas sofrem com o problema e outros não.

"Será que existem características individuais no DNA da pessoa que predispõem ao desenvolvimento dessa doença?", questiona Casado.

Para responder à pergunta, pesquisadores do instituto esperam coletar, até março, amostras de saliva dos 216 atletas da Superliga.

As coletas são feitas sempre que uma equipe viaja para enfrentar o time RJX, no Rio. Uma parceria com o time permite aos pesquisadores usar o Maracanãzinho para o procedimento.

Cada jogador preenche um questionário com informações sobre episódios de tendinite nos seis meses anteriores -período que engloba o treinamento para a competição. Depois, bochecha 5 ml de soro fisiológico e deposita o líquido em um recipiente.

O material vai para o laboratório, onde é feito o sequenciamento de genes suspeitos de terem relação com as lesões, como aqueles ligados à estrutura do colágeno, à resposta inflamatória e à destruição de tecidos.

Os pesquisadores esperam encontrar características que diferenciem os atletas com histórico da doença dos demais. A expectativa é que os primeiros resultados saiam até o fim do ano.

PREVENÇÃO

Concluída essa fase, o instituto pretende buscar essas mesmas informações genéticas, associadas à tendinite, em jogadores das categorias de base. A ideia é acompanhá-los por alguns anos para ver se a predisposição para a doença se confirma.

Segundo Casado, o intuito final é que, com a identificação de genes que elevam o risco de inflamação, preparadores físicos e fisioterapeutas possam fazer um trabalho específico para evitar o aparecimento do problema.

Ela diz não temer que o conhecimento possa ser usado na "peneira" de candidatos a atletas, levando à exclusão de futuros jogadores devido ao risco de desenvolver tendinite. "Hoje, grande parte dos jogadores já tem [tendinite] e não é excluída por causa disso. O que conta é a habilidade", diz.

"Queremos dar mais bem-estar ao atleta e, com um treinamento direcionado, evitar que ele tenha o problema numa intensidade tão alta que o afaste de treinos e jogos."

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