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Incidência de tuberculose recua 27,6% em dez anos
Para especialista da Fiocruz, queda é abaixo do desejável
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil teve uma queda de
27,6% na taxa de incidência de
novos casos de tuberculose, de
acordo com dados divulgados
ontem pelo Ministério da Saúde. Foram 37,1 registros por
100 mil habitantes no ano passado, contra 55,4 em 1999.
Para melhorar o rendimento
do programa de combate à tuberculose, o governo importou
da Índia comprimidos com
quatro fármacos. O objetivo,
além de reduzir a reação ao remédio, é melhorar o tratamento e diminuir a taxa de abandono -atualmente em 8%.
A queda, no entanto, não foi
satisfatória, avalia Margareth
Dalcolmo, diretora do Centro
de Referência Hélio Fraga, da
Fiocruz, e membro do Comitê
Assessor em Tuberculose do
ministério. Segundo ela, estudos apontam que o "desejável"
é uma queda de 4% a 5% anuais
-a média foi de 2,7% ao ano.
Ela afirma que o país tem um
programa considerado modelo
no mundo, mas tem falhas na
qualidade no atendimento. E
aponta como principais problemas demora no diagnóstico da
doença e falta de continuidade
do tratamento (de seis meses),
além das condições sociais em
que vivem os pacientes.
O coordenador do Programa
Nacional de Controle da Tuberculose, Draurio Barreira,
considerou a redução na década "satisfatória, não excepcional". Para ele, os principais problemas são a dificuldade em
descentralizar o atendimento
por causa da baixa cobertura do
Programa de Saúde da Família
em algumas cidades e a taxa de
abandono do tratamento.
O paciente sendo tratado
sente uma melhora em menos
de um mês, mas só fica totalmente curado após seis meses.
Como pode ocorrer reação ao
remédio, costuma haver abandono sem que a cura seja total.
O ministério ampliou, nos últimos dez anos, o tratamento
supervisionado -em que o
agente de saúde vê o paciente
tomando o remédio- de 3,5%
para 39,4% dos doentes.
Barreira diz que o governo
estuda oferecer benefício semelhante ao Bolsa Família para
manter os pacientes no tratamento. "Cerca de 80% das cidades oferecem benefício, mas a
maioria é vale-transporte ou
lanche, o que não é suficiente."
O Estado com a maior taxa de
infecção no país é o Amazonas,
seguido do Rio de Janeiro, que
possui a maior taxa de mortes
no país. A gerente do programa
de pneumologia sanitária do
Rio, Lísia Maria Freitas, afirma
que o Estado está estruturando
postos de saúde e incentivando
prefeitos a aderirem ao PSF para melhorar o atendimento.
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