São Paulo, terça-feira, 01 de setembro de 2009

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Incidência de tuberculose recua 27,6% em dez anos

Para especialista da Fiocruz, queda é abaixo do desejável

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil teve uma queda de 27,6% na taxa de incidência de novos casos de tuberculose, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde. Foram 37,1 registros por 100 mil habitantes no ano passado, contra 55,4 em 1999.
Para melhorar o rendimento do programa de combate à tuberculose, o governo importou da Índia comprimidos com quatro fármacos. O objetivo, além de reduzir a reação ao remédio, é melhorar o tratamento e diminuir a taxa de abandono -atualmente em 8%.
A queda, no entanto, não foi satisfatória, avalia Margareth Dalcolmo, diretora do Centro de Referência Hélio Fraga, da Fiocruz, e membro do Comitê Assessor em Tuberculose do ministério. Segundo ela, estudos apontam que o "desejável" é uma queda de 4% a 5% anuais -a média foi de 2,7% ao ano.
Ela afirma que o país tem um programa considerado modelo no mundo, mas tem falhas na qualidade no atendimento. E aponta como principais problemas demora no diagnóstico da doença e falta de continuidade do tratamento (de seis meses), além das condições sociais em que vivem os pacientes.
O coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Draurio Barreira, considerou a redução na década "satisfatória, não excepcional". Para ele, os principais problemas são a dificuldade em descentralizar o atendimento por causa da baixa cobertura do Programa de Saúde da Família em algumas cidades e a taxa de abandono do tratamento.
O paciente sendo tratado sente uma melhora em menos de um mês, mas só fica totalmente curado após seis meses. Como pode ocorrer reação ao remédio, costuma haver abandono sem que a cura seja total.
O ministério ampliou, nos últimos dez anos, o tratamento supervisionado -em que o agente de saúde vê o paciente tomando o remédio- de 3,5% para 39,4% dos doentes.
Barreira diz que o governo estuda oferecer benefício semelhante ao Bolsa Família para manter os pacientes no tratamento. "Cerca de 80% das cidades oferecem benefício, mas a maioria é vale-transporte ou lanche, o que não é suficiente."
O Estado com a maior taxa de infecção no país é o Amazonas, seguido do Rio de Janeiro, que possui a maior taxa de mortes no país. A gerente do programa de pneumologia sanitária do Rio, Lísia Maria Freitas, afirma que o Estado está estruturando postos de saúde e incentivando prefeitos a aderirem ao PSF para melhorar o atendimento.


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