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Terapia eleva sobrevida de crianças com câncer
Agentes biológicos são ferramentas para sistema imunológico combater doença
Pesquisa feita nos EUA envolveu 226 crianças com tumor agressivo, que atinge o sistema nervoso periférico
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
O uso das defesas do próprio corpo para combater o
câncer ganhou mais força
com a publicação de uma nova pesquisa nesta semana.
Médicos americanos trataram 226 crianças com neuroblastoma agressivo -um tipo de câncer do sistema nervoso periférico- com quimioterapia comum ou associada à imunoterapia.
A taxa de sobrevida sem
recaída após dois anos de
acompanhamento foi superior entre as crianças tratadas com imunoterapia (54%
contra 34%). A pesquisa foi
feita pelo Children's Oncology Group, com apoio dos
National Institutes of Health.
O neuroblastoma pode se
manifestar de forma agressiva. Se há recaída após o tratamento, é difícil obter uma cura. A doença é responsável
por 12% das mortes por câncer em crianças com menos
de 15 anos.
E é justamente no tratamento residual da doença
que a imunoterapia age.
Esses remédios são diferentes da quimioterapia comum, como explica o médico
especialista em oncologia infantil Vicente Odone Filho,
professor da Faculdade de
Medicina da USP.
"As drogas agem em fases
da vida da célula doente. Algumas agem na produção de
DNA, ou no momento da divisão celular." Apesar de o
alvo serem as células doentes, a químio também atinge
as saudáveis, causando efeitos colaterais que podem inviabilizar o tratamento, dependendo da dose.
O objetivo da imunoterapia, também chamada de terapia biológica, é dar condições ao organismo para lutar
contra o câncer. Ela age em
duas frentes. Um anticorpo é
produzido em laboratório a
partir de uma substância (um
antígeno) presente nas células doentes. Isso permite que
o anticorpo reconheça e destrua a célula do tumor.
Normalmente, o organismo produz os anticorpos específicos para combater infecções, por exemplo. No caso dos tumores, por algum
motivo, essa produção não é
suficiente.
Outra parte da medicação
de imunoterapia é composta
por proteínas que estimulam
a produção de glóbulos brancos pelo próprio doente. Essas células também vão ajudar a destruir o câncer.
EFEITOS COLATERAIS
De acordo com Odone, do
Itaci (Instituto de Tratamento
do Câncer Infantil do Hospital das Clínicas de SP), esse
tipo de tratamento é a tendência para o combate ao
câncer. O médico tem usado
uma terapia semelhante à
dos pesquisadores americanos como tratamento experimental para crianças com
neuroblastoma no Brasil.
Ainda que existam efeitos
colaterais associados à terapia, eles são menores do que
os causados pela quimioterapia em altas doses.
Mesmo assim, as crianças
envolvidas na pesquisa americana tiveram problemas como dores abdominais, febre
e náusea.
Outros tipos de imunoterapia, como o rituximab, remédio usado contra linfomas, já
têm resultados mais consolidados do que a terapia contra
o câncer infantil.
De acordo com a diretora
de pediatria do Hospital
A.C.Camargo, Cecília Lima
da Costa, ainda estão em teste outros tipos de antígenos
que ainda podem resultar em
novas drogas.
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