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Exercício na gravidez corta risco de sobrepeso no bebê
Pesquisa também mostra que atividade antes da gestação não altera resultado
Para médicos, estudo mostra o que já é notado na prática; hipótese é que exercício evita excesso de glicose no sangue, que leva feto a ganhar peso
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Praticar exercícios durante a
gravidez diminui o risco de dar
à luz um bebê com excesso de
peso ao nascer. A conclusão é
de um estudo norueguês, feito
pelo Instituto de Saúde Pública
da Noruega, em Oslo.
Para chegarem ao resultado,
os pesquisadores avaliaram dados de 36.869 mulheres que tiveram gestações a termo.
Os autores também ajustaram informações que poderiam
interferir no excesso de peso,
como idade materna, número
de filhos, hipertensão, diabetes
e pré-eclâmpsia, entre outros.
As grávidas responderam a
dois questionários sobre hábitos de atividade física entre a
17ª e a 30ª semana de gravidez.
A análise dos dados revelou
que quem se exercitava regularmente -pelo menos três vezes por semana em atividades
como natação, caminhada, bicicleta e dança- teve um risco
entre 23% e 28% menor de gerar um bebê com sobrepeso.
O estudo também constatou
que a atividade física regular
antes da gravidez não afetou essa probabilidade.
Segundo os autores, não havia estudos com dados consistentes em relação ao tema.
"O trabalho traz amparo
científico ao que já se observava na prática", diz o ginecologista e obstetra Alberto D'Auria, diretor da maternidade
Santa Joana, em São Paulo.
"O resultado faz sentido porque grande parte dos casos de
macrossomia [crescimento excessivo do feto] são relacionados ao diabetes gestacional",
comenta o educador físico
Marlos Rodrigues Domingues,
da Universidade Federal de Pelotas (RS). Ele é um dos autores
de um estudo sobre atividade
física na gestação, que avaliou
mais de 4.000 mulheres.
Excesso de glicose
Mesmo sem desenvolver o
diabetes, muitas grávidas apresentam um estado de resistência à insulina. Isso leva ao aumento do açúcar em circulação
no sangue. Com a alta da glicemia, o bebê acaba sendo alimentado excessivamente. Sabe-se que os exercícios ajudam
a prevenir esse quadro.
"O excesso de açúcar também leva o bebê a produzir
mais insulina, que é um hormônio que faz crescer", explica o
obstetra Marcos Tadeu Garcia,
do Hospital e Maternidade São
Luiz e diretor da clínica de ginecologia e obstetrícia do Hospital Ipiranga, em São Paulo.
A macrossomia fetal é definida quando o bebê pesa mais de
4 kg ao nascer. O excesso de peso traz riscos à saúde da mãe e
do bebê, como lacerações no
períneo, hemorragias pós-parto, lesões no ombro do bebê,
baixos índice no testes de Apgar (que mede a vitalidade do
bebê ao nascer) e maior chance
de obesidade no futuro.
Atualmente, os exercícios na
gravidez costumam ser encorajados a gestantes que não tenham nenhuma contraindicação. De modo geral, para mulheres sedentárias os médicos
recomendam esperar o término do primeiro trimestre.
As grávidas que já praticavam esportes não precisam esperar três meses e podem apenas fazer ajustes no ritmo.
"A regra é: a atividade deve
ser feita sem desconforto e isso
vale principalmente para o aspecto da intensidade", diz Domingues. "A mulher deve fazer
atividades em que se sinta bem,
sem esforço excessivo."
"Ela não deve ficar ofegante,
precisa evitar o hiperaquecimento e controlar a hidratação", avisa Garcia.
"Recomendo exercícios que
não tenham impacto sobre as
articulações e que não exijam
muito do coração, como a hidroginástica", diz D'Auria.
"Não recomendo a corrida pois
essa atividade tem impacto sobre útero e bexiga."
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