São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Esquizofrenia pode ser prevenida, diz especialista
É preciso achar formas de detectar sinais iniciais da doença para impedir manifestação do primeiro surto, afirma médico britânico
A esquizofrenia, transtorno mental cercado de estigmas e que atinge cerca de 1%
da população, pode ser prevenida ou, pelo menos, ter
seus sintomas diminuídos. Folha - Como é possível prevenir a esquizofrenia? Philip McGuire - A ideia é tentar prevenir o começo da doença. Geralmente se espera que ela se instale, e só então começa o tratamento. Mas, nos últimos anos, temos nos perguntado se é possível identificar sinais precoces para preveni-la. Há sinais da esquizofrenia que ainda não se manifestou? Sim. A esquizofrenia geralmente aparece por volta dos 20 anos. Antes disso, há uma "fase prodrômica", caracterizada por sintomas mais brandos: algum grau de isolamento, sinais atenuados de uma paranoia, mas que não chegam a mudar o comportamento da pessoa. São sinais sutis que podem ser detectados antes do primeiro surto. Como seria o tratamento nessa fase precoce da doença? Há estudos que mostram que há chances eficazes de prevenir a doença se ela for detectada na fase prévia. A intervenção psicológica e o uso de antipsicóticos e ansiolíticos em doses menores poderia reduzir os sintomas e até prevenir o aparecimento da psicose. Mas as pesquisas ainda estão em fase inicial. Muitos transtornos não acabam encobertos na mesma designação de esquizofrenia? Esse é um grande debate. Há um esforço para classificar as desordens psicóticas, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Há quem pense que elas são tão próximas que são a mesma psicose, mas com dimensões diferentes. E como a classificação é feita por observação clínica, deixa o diagnóstico aberto a interpretações. Em 2001, o Brasil aboliu os manicôminos, com a reforma psiquiátrica. O senhor é contra internar esquizofrênicos? Algo similar aconteceu na Inglaterra, há 20 anos. Transferiram os serviços clínicos para a comunidade e só os pacientes mais graves são internados. A ideia é positiva, mas tem desvantagens, principalmente para a família do paciente. Tratá-lo acaba se tornando um fardo, porque haverá alguém sobrecarregado cuidando dele. Há também um problema logístico para os serviços clínicos: os médicos têm de ir até o paciente na comunidade, em vez de ficarem no hospital.
O consumo de maconha pode
desencadear a esquizofrenia?
A agressividade faz parte da
doença ou isso é mito?
A violência poderia ser atenuada pelo tratamento? |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |