São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Entidade encerra atendimento a crianças com HIV

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 12 anos de atendimento odontológico às crianças portadoras do vírus HIV, a Casa Sol (Associação Brasileira de Assistência à Criança com Aids), de São Paulo, fechou ontem suas portas. A instituição atendia 1.050 crianças, das quais 470 estavam sob tratamento -120 ainda com aparelhos ortodônticos na boca.
Segundo Armando Sérgio de Melo Ferreira, diretor da Casa Sol, o fechamento ocorreu por falta de recursos. A entidade, que também atendia irmãos de crianças com HIV, sobrevivia graças a uma campanha permanente em aeroportos do país, que envolvia a venda de um kit sobre a prevenção da doença -que incluía um lacinho, símbolo da luta contra a Aids, e custava R$ 10.
Ferreira diz que em 2007 a Infraero proibiu a campanha nos aeroportos. A entidade recorreu da decisão e conseguiu prorrogar a campanha. O prazo venceu em abril último e, desde então, foi interrompida a venda dos kits, que rendia de R$ 20 mil a R$ 30 mil mensais.
"Estamos sendo despejados por falta de pagamento e não temos dinheiro para pagar os dentistas e a psicóloga que davam atendimento às crianças. Corta o coração fazer isso, mas, sem apoio de ninguém, não dá para continuar", alega Ferreira.
Ontem, Antonio Carlos Generoso, 61, pai de três filhos (sendo um portador de HIV) atendidos pela instituição, dizia-se "atordoado" com o seu fechamento. "Meus três filhos faziam tratamento dentário aqui havia três anos. Um deles está com aparelho na boca."

Outro lado
A assessoria de imprensa da Infraero informou ontem, por meio de nota, que a Casa Sol fez várias campanhas de arrecadação de donativos em aeroportos e que a entidade sabia que isso "tinha prazo de início e de término". "Outras instituições também solicitam à Infraero o direito de realizar atividades congêneres", diz a nota.
A assessoria alega que a ouvidoria e os balcões de atendimentos da Infraero registraram várias reclamações sobre as campanhas, entre elas, a de que a abordagem era inconveniente e representava uma "imagem negativa do país".


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