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Lipoaspiração lidera processos contra médicos em SP
Levantamento do Cremesp mostra que 33% das ações na área estética estão relacionadas a essa cirurgia plástica
Conselho investiga morte de recepcionista ocorrida no sábado; embolia pulmonar é a causa mais frequente de complicações fatais na lipo
CLÁUDIA COLLUCCI
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A lipoaspiração, cirurgia
plástica mais realizada no país,
é a que lidera o número de processos ético-profissionais contra médicos da área estética, segundo levantamento do Cremesp (Conselho Regional de
Medicina), feito entre 2001 e
2008. De 289 processos -que
apuram de reclamações sobre
propagandas e resultados de cirurgias até mortes de pacientes-, 33,5% se referem à lipo.
A morte da recepcionista Regiane Aparecida Bauer, 27,
ocorrida no sábado, passou a
engrossar as estatísticas do
Cremesp. Ontem, o conselho
abriu uma sindicância para
apurar as circunstâncias que levaram Regiane a sofrer uma parada cardiorrespiratória duas
horas após o início da cirurgia.
O prontuário da clínica mostra que os médicos já haviam
aspirado a gordura do abdome
e, quando se preparavam para
começar a cirurgia nas costas, a
jovem teve uma parada cardiorrespiratória súbita.
A suspeita dos médicos é que
a mulher tenha sofrido uma
embolia gordurosa pulmonar
-quando uma placa de gordura
ou coágulo de sangue se desloca
e vai parar no pulmão, obstruindo a artéria pulmonar.
"A grande maioria complicações e mortes durante a lipoaspiração é por embolia pulmonar. As pacientes precisam saber que há complicações sérias
na lipo e tomar as precauções.
Precisam ter referências do
profissional e do local onde serão operadas, não podem se iludir apenas pelo preço barato",
alerta Renato Azevedo Júnior,
vice-presidente do Cremesp.
Além da embolia pulmonar,
podem ocorrer outros problemas sérios durante uma lipo,
como intoxicações pela anestesia e perfurações viscerais. Medicações como a vitamina E, o
ginseng e a gincobiloba também podem interferir na coagulação do sangue e causar sangramentos excessivos.
Risco de morte
Não há um consenso sobre o
índice de mortes envolvidas
nas lipoaspirações. Uma publicação da FDA (agência americana reguladora de medicamentos), por exemplo, diz que
são esperadas três mortes a cada 100 mil cirurgias.
Por essa estimativa, o Brasil,
segundo maior mercado mundial das cirurgias plásticas, estaria dentro da média. São realizadas no país em média 200
mil lipoaspirações por ano. Em
2008, ocorreram ao menos seis
mortes durante essas cirurgias.
"A incidência de óbitos é
muito baixa e, quando ocorre, é
por excesso de remoção de gordura ou por imperícia de cirurgiões despreparados. A lipoaspiração é perigosa se esses preceitos não forem seguidos",
afirma João de Moraes Prado
Neto, presidente da regional
paulista da SBCP (Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica).
Para o cirurgião plástico José
Teixeira Gama, diretor da
SBCP, a falta de especialização
médica e a realização da cirurgia em locais inadequados são
os principais fatores implicados nas mortes por lipo.
"Não é chegar no primeiro,
que é baratinho e que divide em
36 vezes. A pessoa tem que se
certificar se o médico é especialista em cirurgia plástica e se a
cirurgia será feita em local seguro e adequado", orienta.
Apenas seis dos 289 médicos
processados no Cremesp tinham título de especialista em
cirurgia plástica.
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