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Cai a taxa de mortes por doenças do coração
Sul e Sudeste foram as regiões do país onde a queda da mortalidade foi mais acentuada
Apesar da melhora, estudo que usou dados do governo federal aponta necessidade de prevenção de doenças como obesidade e diabetes
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de mortalidade relacionada a doenças cardiovasculares no país caiu nas últimas
décadas, mas a redução foi mais
intensa nas regiões ricas do
país (Sul e Sudeste). Essa é a
principal conclusão de um estudo feito por pesquisadores do
Rio de Janeiro, publicado na última edição da "Revista Pan-americana de Salud Pública".
A pesquisa usou dados do Ministério da Saúde para avaliar a
evolução da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares. O índice caiu de 287,3 por
100 mil habitantes em 1980 para 161,9 por 100 mil habitantes
em 2003, com uma redução
média anual de 3,9%.
Segundo Renato Veras, da
Universidade da Terceira Idade
da Uerj e um dos autores do estudo, a pesquisa comprova o
senso comum de que as doenças cardiovasculares atingem
mais a população pobre. "A
questão socioeconômica tem
um peso significativo na definição do tempo de vida da população e na incidência de doenças crônicas. A população mais
pobre tem maior dificuldade
para ter uma alimentação saudável e menor qualidade de
moradia", afirma.
O declínio mais acentuado
foi verificado nas taxas de mortalidade relacionadas a derrame cerebral. Elas passaram de
95,2 para 52,6 por 100 mil habitantes no período de 1980 a
2003, o que significa uma queda anual de 4% ao ano. Em seguida aparecem as doenças isquêmicas do coração, que passaram de 80,3 para 49,2 por 100 mil habitantes no período.
Segundo Cíntia Curioni, do
Instituto de Medicina Social da
UERJ e autora do estudo, um
dos principais méritos da pesquisa é a abrangência, com a
compilação de dados referentes à faixa etária, ao gênero e às
regiões. "Apesar da melhora, o
estudo aponta a necessidade de
prevenção de doenças como
obesidade e diabetes".
As doenças cardiovasculares
se tornaram a principal causa
de morte em muitos países em
desenvolvimento. Em 2002, o
total de mortes relacionadas a
elas foi estimado em 16,7 milhões. A expectativa para 2030
é que o número chegue a 23,3
milhões. A expansão está ligada
não só ao crescimento populacional como também à maior
expectativa de vida e à prevalência de fatores de risco como
hipertensão, fumo, colesterol
elevado, diabetes e obesidade.
Segundo o estudo, o Brasil
está passando por um fenômeno denominado transição epidemiológica no qual taxas elevadas, porém declinantes, de
mortes relacionadas a problemas característicos de países
não desenvolvidos, como diarreia infecciosa, convivem com
um número crescente de mortes relacionadas a doenças crônicas degenerativas como as de
origem cardiovascular.
"A transição epidemiológica
é a mudança no padrão de
doenças. Está diretamente relacionada ao envelhecimento
da população", afirma Veras.
Alguns fatores interferem
para a menor incidência de
doenças e afetam toda a população ou grande parte dela, como a melhoria no acesso a remédios usados durante o tratamento de fatores de risco, como
pressão alta.
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