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Exercício logo após cirurgia ajuda operadas de câncer
Ginástica recupera movimentos prejudicados por retirada de tumor na mama
Rigidez e inchaço nos ombros e nos braços são causados pela remoção de gânglios das axilas durante a operação
RACHEL BOTELHO
DE SÃO PAULO
Mulheres que fazem exercícios logo após a cirurgia de
câncer de mama recuperam
melhor os movimentos do
ombro e dos braços.
A conclusão é de uma revisão de 24 estudos da Cochrane Collaboration, organização internacional que avalia
pesquisas médicas.
A revisão envolveu 2.132
mulheres que passaram por
cirurgias como mastectomia
(retirada do seio) e lumpectomia (que remove o mínimo
possível de tecido).
Todas tiveram também
gânglios linfáticos removidos das axilas para determinar a extensão do câncer. É
esse procedimento que está
ligado à rigidez e ao inchaço,
que podem perdurar por
anos após a cirurgia.
Contra isso, médicos prescrevem exercícios para o braço e o ombro do lado operado, mas não havia consenso
sobre quando iniciá-los.
O estudo mostra, agora,
que a prática deve começar
entre o primeiro e o terceiro
dias após a operação.
"O pessoal mais antigo
acredita que o ideal é deixar o
braço imobilizado por até
três dias e só então começar a
reabilitação. Mas vários trabalhos mostraram que,
quanto mais precocemente
se inicia, maior a chance de
voltar ao normal", diz o mastologista Sílvio Bromberg, do
hospital Albert Einstein.
José Bines, oncologista clínico do Inca (Instituto Nacional de Câncer), concorda.
"Havia dúvidas sobre quando iniciar os exercícios devido a uma preocupação com o
inchaço. Essa pesquisa compila vários estudos, e aí dá
para medir isso melhor", diz.
Os exercícios seguem um
roteiro básico, mas as etapas
seguintes podem ser personalizadas, principalmente
para mulheres que passam
pela reconstrução da mama
na mesma ocasião.
"Dependendo do caso, recomenda-se começar de forma mais lenta", diz Bromberg. O ideal é que a paciente
seja orientada por uma equipe multidisciplinar.
Segundo José Bines, os resultados não sugerem uma
relação entre o início precoce
dos exercícios e um aumento
de linfedema (inchaço).
"Mas pode ser que precise de
mais drenagem para retirar o
líquido acumulado", afirma.
CICATRIZAÇÃO
Os resultados não convencem o cirurgião plástico e oncologista Américo Marques,
diretor do Instituto Levitas.
"A cicatrização só começa
a ter um grau moderado de
estabilidade a partir de sete a
quinze dias. Por isso, sou absolutamente contra esse resultado", afirma.
Em sua opinião, o correto é
começar "alguma movimentação, que nem é chamada
de exercício", a partir do 15º
dia após a cirurgia.
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