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Planta da Amazônia pode gerar remédio para dengue, diz Fiocruz
Estudo sugere que unha-de-gato pode evitar complicações como hemorragia
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Uma pesquisa da Fiocruz
(Fundação Oswaldo Cruz)
mostra que a planta unha-de-gato, típica da Amazônia, pode
servir como matéria-prima para um remédio destinado a controlar os efeitos da dengue. O
estudo indicou que o medicamento poderá evitar complicações em razão da doença, como
pressão baixa e hemorragia.
Os resultados ainda são preliminares e, de acordo com as
coordenadoras da pesquisa, um
remédio só seria viável "em
anos". Mas é a primeira vez, segundo a Fiocruz, que se detecta
a possibilidade de evitar as
complicações da doença.
A biomédica Claire Kubelka,
a bióloga Sônia Reis e a química
Ligia Valente analisaram a reação in vitro de monócitos (células de defesa do corpo) contaminados com o vírus da dengue
com substâncias extraídas da
planta unha-de-gato (Uncaria
tomentosa).
A solução inibiu a produção
excessiva de citocinas (proteínas de resposta inflamatória do
organismo), que pode gerar
queda brusca na pressão e hemorragias -as principais causas de morte por dengue. "O objetivo do tratamento seria modular [regular] a resposta imunológica, diminuir a resposta
exacerbada [na produção de citocinas]", diz Kubelka.
A unha-de-gato já é usada na
produção de antiinflamatórios,
consumidos principalmente
por quem tem artrite. Kubelka
afirma que é possível descobrir
que o remédio existente também serve para a dengue -mas
só após mais testes.
"A imunomodulação muitas
vezes inibe alguma parte do sistema imunológico, mas pode
exacerbar outro. Para algumas
doenças, ela pode ser benéfica,
mas, para outras, pode ser prejudicial. Eventualmente poderá ser usado o mesmo remédio
para duas patologias diferentes, mas isso precisa ser muito
estudado", afirmou ela.
Segundo Valente, a planta está em risco de extinção por causa da ação de extrativistas, interessados em suas propriedades
medicinais. A espécie, no entanto, não está na lista oficial
do Ibama da flora ameaçada.
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