São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2009

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USP desenvolve aparelho para tratar ferida complexa

Método acelera a cicatrização por meio do vácuo

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três anos, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) patentearam um aparelho que será usado para acelerar a cicatrização de feridas complexas -provocadas por traumas, infecções, diabetes ou queimaduras. O método poderá substituir os curativos tradicionais, que demoram mais para fechar o ferimento e também geram mais gastos para o SUS (Sistema Único de Saúde), já que o paciente fica mais tempo internado.
Segundo o professor e cirurgião plástico Fábio Kamamoto, que patenteou o aparelho com o professor José Carlos Moraes, da Escola Politécnica da USP, o aparato é bastante simples e funciona com uma esponja comum (como a de colchão), um cano, um coletor de secreção, um manômetro (para controlar a pressão) e a própria rede de vácuo do hospital -presente na parede dos leitos e que é usada na aspiração de secreções dos pacientes.
A inspiração para desenvolver a tecnologia surgiu de um equipamento similar, mas que é importado, mais caro e que depende de energia elétrica. O Hospital das Clínicas de São Paulo tem o aparelho em comodato, mas nem sempre pode usá-lo por causa do custo.
"Os americanos criaram um aparelho que exerce função semelhante, mas o custo é muito alto, especialmente para a rede pública. Uma semana de curativo importado custa cerca de R$ 2.000, enquanto esse aparelho nacional vai custar R$ 120 por semana", afirmou Kamamoto.
Já existem cinco aparelhos nacionais em uso no Hospital Universitário da USP e agora o médico espera que haja empresas interessadas em fabricar o equipamento -para que ele seja produzido em massa e possa ser distribuído para outros hospitais do país.

Como funciona
"O sistema é muito simples. A gente coloca uma esponja na ferida e cobre com um filme plástico para proteger. O cano é conectado na esponja e ligado na rede de vácuo que fica aspirando a secreção ininterruptamente, como um aspirador de pó", explicou Kamamoto.
De acordo com o cirurgião, além de sugar a secreção do ferimento (que dificulta a cicatrização natural), o método também estimula a revascularização do tecido, deixando o local pronto para receber o enxerto.
"Sem o uso do sistema de vácuo, a cicatrização da ferida demoraria entre dois e três meses. Além disso, os curativos teriam que ser trocados pelo menos duas vezes por dia. Isso é custo para a rede pública e é doloroso para o paciente", disse o cirurgião plástico Marcus Castro Ferreira, professor e responsável pelo departamento de cirurgia plástica do HC.
Segundo Ferreira, aparentemente a técnica é eficiente. "Antigamente, muitos pacientes tinham membros amputados porque as feridas não fechavam. Com essa tecnologia, o tempo de tratamento foi reduzido e, aparentemente, o vácuo tornou-se fundamental como parte do tratamento."


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