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USP desenvolve aparelho para tratar ferida complexa
Método acelera a cicatrização por meio do vácuo
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de três anos, pesquisadores da Universidade de São
Paulo (USP) patentearam um
aparelho que será usado para
acelerar a cicatrização de feridas complexas -provocadas
por traumas, infecções, diabetes ou queimaduras. O método
poderá substituir os curativos
tradicionais, que demoram
mais para fechar o ferimento e
também geram mais gastos para o SUS (Sistema Único de
Saúde), já que o paciente fica
mais tempo internado.
Segundo o professor e cirurgião plástico Fábio Kamamoto,
que patenteou o aparelho com
o professor José Carlos Moraes, da Escola Politécnica da
USP, o aparato é bastante simples e funciona com uma esponja comum (como a de colchão), um cano, um coletor de
secreção, um manômetro (para
controlar a pressão) e a própria
rede de vácuo do hospital
-presente na parede dos leitos
e que é usada na aspiração de
secreções dos pacientes.
A inspiração para desenvolver a tecnologia surgiu de um
equipamento similar, mas que
é importado, mais caro e que
depende de energia elétrica. O
Hospital das Clínicas de São
Paulo tem o aparelho em comodato, mas nem sempre pode
usá-lo por causa do custo.
"Os americanos criaram um
aparelho que exerce função semelhante, mas o custo é muito
alto, especialmente para a rede
pública. Uma semana de curativo importado custa cerca de R$
2.000, enquanto esse aparelho
nacional vai custar R$ 120 por
semana", afirmou Kamamoto.
Já existem cinco aparelhos
nacionais em uso no Hospital
Universitário da USP e agora o
médico espera que haja empresas interessadas em fabricar o
equipamento -para que ele seja produzido em massa e possa
ser distribuído para outros hospitais do país.
Como funciona
"O sistema é muito simples.
A gente coloca uma esponja na
ferida e cobre com um filme
plástico para proteger. O cano é
conectado na esponja e ligado
na rede de vácuo que fica aspirando a secreção ininterruptamente, como um aspirador de
pó", explicou Kamamoto.
De acordo com o cirurgião,
além de sugar a secreção do ferimento (que dificulta a cicatrização natural), o método também estimula a revascularização do tecido, deixando o local
pronto para receber o enxerto.
"Sem o uso do sistema de vácuo, a cicatrização da ferida demoraria entre dois e três meses. Além disso, os curativos teriam que ser trocados pelo menos duas vezes por dia. Isso é
custo para a rede pública e é doloroso para o paciente", disse o
cirurgião plástico Marcus Castro Ferreira, professor e responsável pelo departamento de
cirurgia plástica do HC.
Segundo Ferreira, aparentemente a técnica é eficiente.
"Antigamente, muitos pacientes tinham membros amputados porque as feridas não fechavam. Com essa tecnologia, o
tempo de tratamento foi reduzido e, aparentemente, o vácuo
tornou-se fundamental como
parte do tratamento."
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