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Tempo de amamentação dobra no Brasil
Média de aleitamento exclusivo subiu de 23,4 para 54,1 dias, mas continua longe dos 180 dias preconizados pela OMS
Pesquisa nacional considera dados de 118 mil bebês, a partir de entrevistas com mães feitas em 1999 e 2008; uso da chupeta caiu 15%
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O tempo médio de aleitamento materno exclusivo no
Brasil passou de 23,4 dias para
54,1 dias em nove anos, aponta
a 2ª Pesquisa de Prevalência do
Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras realizada pelo
Ministério da Saúde e divulgada ontem durante a Semana
Mundial de Amamentação.
O aleitamento não exclusivo
também subiu, de 296 dias para
342 dias entre 1999 e 2008.
Apesar dos avanços, o país
ainda está longe de atingir os
indicadores adequados. A Organização Mundial da Saúde
preconiza o aleitamento exclusivo até os seis meses de vida
(180 dias) e o aleitamento parcial até os dois anos (730 dias).
A pesquisa foi realizada com
entrevistas a mães nas capitais
e mais 239 municípios em outubro de 2008, durante a Campanha Nacional de Vacinação.
Os resultados consideram dados de cerca de 118 mil bebês.
O levantamento também registrou uma redução de 15% no
uso da chupeta em crianças
com menos de um ano, passando de 57,7% para 42,6%.
Além disso, pela primeira vez
a pesquisa avaliou o uso da mamadeira -adotada por 58,4%
das crianças. A maior frequência foi no Sudeste (63,8%) e a
menor, no Norte (50%).
Aleitamento e chupeta
A pesquisa comprovou a relação entre chupeta e tempo de
amamentação. Estados com índices maiores de aleitamento
têm uso menor do acessório.
O Ministério da Saúde desestimula o uso da chupeta e da
mamadeira e recomenda a opção por copo após os seis meses
para não interferir na sucção.
Macapá possui a maior duração do aleitamento parcial
(601,36 dias). E é a capital com
menor percentual de bebês
usando chupeta: apenas 19,8%.
São Paulo tem o menor tempo médio de amamentação parcial (292,82 dias), e 51,2% dos
bebês usam chupeta. Porto Alegre está logo atrás no quesito
amamentação parcial (299,82
dias) e ocupa o topo do ranking
do acessório (59,5%).
A pediatra Elsa Giugliani,
coordenadora da área técnica
de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério
da Saúde, comemora os resultados, mas reconhece que há
muito a fazer para que o Brasil
alcance o padrão estabelecido
para a amamentação.
Segundo Giugliani, a OMS
considera "bom" o indicador de
um país que tenha ao menos
80% das crianças com menos
de seis meses em amamentação
exclusiva -o Brasil tem 41%
dos bebês nessas condições.
Com relação ao uso da chupeta, Giugliani afirma que a redução é um avanço. "Nascem
quase três milhões de bebês por
ano. Quase 400 mil deixaram
de usar a chupeta."
Para a pediatra, a estratégia
do Ministério da Saúde para
aumentar o tempo de amamentação é investir na implantação
total da Rede Amamenta Brasil,
criada no ano passado e que
tem como objetivo capacitar
profissionais para auxiliar as
mães durante o aleitamento.
"Faltava uma política de aleitamento nas unidades básicas de
saúde, onde efetivamente as
mães são acompanhadas."
Roseli Sarni, pediatra, nutróloga e presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Pediatria, considera os dados animadores,
mesmo longe das metas.
"Todo dado positivo sobre
aleitamento é recebido com
bons olhos. O desafio é descobrir por que as mães deixam de
amamentar tão cedo e conscientizá-las", diz.
A enfermeira Maria Fernanda Dornaus, coordenadora de
enfermagem da Unidade Neonatal do hospital Albert Einstein, concorda que o apoio às
mães nos primeiros dias de
amamentação é fundamental
para melhorar os índices.
"A mãe precisa saber que o
leite materno é fundamental
para o desenvolvimento e crescimento da criança e que ele
tem fatores imunológicos que
protegem o bebê. Ela também
precisa aprender como é feita a
pega e a sucção. E os profissionais de saúde têm essa função."
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