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Quimioterapia pode gerar insônia
Segundo estudo, 75% dos pacientes que passavam por esse tratamento tiveram problemas de sono
A pesquisa, feita com 823 pacientes, revelou que aqueles com menos de 50 anos de idade apresentaram mais alterações no sono
Leonardo Wen/Folha Imagem
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O coordenador de vendas Rodolfo Bunduk, que teve câncer de pulmão e notou piora no sono após começar a fazer quimioterapia
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um trabalho feito com 823
pacientes que passaram por
quimioterapia mostrou que alterações no sono (como insônia
e sono não reparador) acometem 75% deles.
O estudo foi publicado no
"Journal of Clinical Oncology"
e revelou que pessoas com menos de 50 anos de idade apresentaram mais problemas.
Os cientistas não apontaram
os mecanismos que levam ao
problema. Porém, outros trabalhos mostram relação entre a
químio e alterações no ritmo
circardiano (ciclo de 24 horas
de vigília e sono), como o publicado em setembro na revista
"Sleep", que avaliou 95 mulheres com câncer de mama.
Para o oncologista Aldo Lourenço Dettino, do Hospital A.C.
Camargo, o próprio diagnóstico da doença já pode trazer alterações no sono do paciente.
"Por causa da ansiedade, antes
mesmo do tratamento o paciente já pode ter dificuldade
para dormir", afirma.
A pessoa que sofre de insônia
deve avisar o médico e tratar o
problema o quanto antes.
"Acreditamos que a insônia pode se tornar crônica para muitos pacientes após o fim do tratamento. Por isso, é importante
tentar preveni-la ou tratá-la",
disse à Folha a responsável pelo estudo, Oxana Palesh, da
Universidade de Rochester,
nos Estados Unidos.
O oncologista pode indicar
alguns medicamentos específicos, analgésicos e antidepressivos, com o auxílio de especialistas em medicina do sono.
"Se a população normal dorme menos por qualquer razão,
a falta do sono diminui o funcionamento do sistema imune.
Para quem está em quimioterapia, tratar o sono dá qualidade de vida, conforto, diminui a
dor e permite que o sistema
imune funcione melhor", explica o neurologista Flávio
Alóe, do Centro Interdepartamental para os Estudos do Sono do Instituto de Psiquiatria
do HC (Hospital das Clínicas)
de São Paulo.
O coordenador de vendas
Rodolfo Bunduk, 59, que teve
câncer de pulmão, afirma que
sempre dormiu bem até iniciar
as sessões de quimioterapia.
"Percebi uma grande mudança
no sono com o início do tratamento. Demorava para dormir
e, quando acordava no meio da
noite, só conseguia retomar o
sono uma hora e meia depois."
O médico lhe indicou remédios para dormir, mas ele parou de usá-los. "Não queria ficar dependente e percebia que
acordava pouco disposto", diz.
Agora, Rodolfo se submete a
sessões mais curtas de quimioterapia e dorme melhor. "Mas
o sono não é tão bom quanto o
que eu tinha."
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