São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011

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Anvisa libera sibutramina e veta três emagrecedores

Remédios derivados de anfetamina serão retirados do mercado em 2 meses

Venda de sibutramina terá novas restrições; conselho de medicina deve contestar decisão com processo na Justiça

JOHANNA NUBLAT

DE BRASÍLIA

O remédio sibutramina permanece em circulação no país, com novas regras, enquanto os inibidores de apetite do grupo das anfetaminas e derivados (femproporex, mazindol e anfepramona) terão de sair do mercado.
Essa foi a decisão tomada ontem pela diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A coluna Mônica Bergamo adiantou o desfecho em agosto.
A nova determinação passa a valer 60 dias após a publicação da resolução, o que deve ocorrer até sexta.
Segundo os quatro diretores da Anvisa, o uso de anfetamínicos traz risco maior que o benefício e não há estudos sobre sua eficácia.
A sibutramina foi mantida no mercado por três votos a um. Foram a favor da continuidade das vendas da droga Dirceu Barbano, farmacêutico e diretor-presidente da Anvisa, o advogado Jaime Oliveira e a farmacêutica Maria Cecília Brito. O voto vencido foi de José Agenor Álvares, sanitarista, que citou o exemplo de outros países onde a droga foi proibida.
O remédio foi banido nos EUA e na Europa no ano passado, após a publicação do estudo conhecido como "Scout", que mostrou risco maior de problemas cardiovasculares graves em usuários da sibutramina.
Mas a pesquisa testou o remédio em pessoas que já tinham doenças cardíacas, para quem a droga não é indicada.
A própria Anvisa vinha se manifestando contra a manutenção da sibutramina no mercado. Em fevereiro, a agência divulgou uma nota desaconselhando o seu uso e o dos anfetamínicos.
Já a área técnica da agência passou a indicar a possibilidade de manter a comercialização da sibutramina, desde que sob restrições.
Foi essa a linha que prevaleceu na votação de ontem. Segundo o diretor-presidente da Anvisa, não há comprovação de que os malefícios identificados pelo "Scout" possam ser extrapolados para quem não tem doença cardiovascular.
Mas a agência definiu novas regras para uso e prescrição da sibutramina, como a apresentação de um termo de responsabilidade assinado por médico e paciente sobre os riscos de usar o remédio. A notificação de efeitos colaterais à Vigilância Sanitária será obrigatória para médicos e farmácias.
Em um ano, a Anvisa vai reavaliar a permissão de venda da sibutramina.

CONTESTAÇÃO
O CFM (Conselho Federal de Medicina) promete ir à Justiça contra a Anvisa.
Essa decisão deve ser ratificada pelo plenário do conselho hoje, diz Desiré Callegari, 1º secretário do CFM.
"É a maneira de garantir a autonomia na prescrição e no acompanhamento dos pacientes, por meio de drogas que usamos há 40 anos no país, sem casos de complicação secundária grave."
Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, diz que a falta de estudos sobre os anfetamínicos não é justificativa para proibi-los: "Quando esses remédios entraram no mercado, não havia essa exigência."
Meirelles afirma que os pacientes que usam os emagrecedores anfetamínicos devem procurar seus médicos para mudar o tratamento.


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