Estado de São Paulo começa campanha de imunização durante o período de férias escolares para vacinar 2,3 milhões

A faixa etária entre 11 e 14 anos é a que tem menor cobertura da vacina, com apenas 59% de adesão; o preconizado é de 90% a 95%

Danilo Verpa/Folha Imagem

Mulher recebe dose de vacina contra hepatite B em SP

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao menos 40% dos adolescentes paulistas entre 11 e 19 anos ainda não estão imunizados contra o vírus da hepatite B, o que levou a Secretaria de Estado da Saúde a aproveitar as férias escolares e iniciar ontem uma campanha de imunização. A meta é vacinar 2,3 milhões de jovens no Estado de São Paulo.
Um levantamento da secretaria mostrou que a faixa etária entre 11 e 14 anos de idade é a com menor cobertura da vacina no Estado, com apenas 59% de adesão, seguida pela de 15 a 19 anos, com 64%. O ideal é de 90% a 95% de cobertura.
De acordo com Helena Sato, diretora de imunização da secretaria, há muitos jovens que já tomaram uma ou duas doses da vacina, mas, como não completaram as três doses preconizadas, não estão completamente imunizados.
Nesses casos, explica Sato, não é preciso tomar as doses já aplicadas, desde que a pessoa consiga comprová-las por meio da caderneta de vacinação. "Se o jovem já tomou duas doses, só precisará tomar a última para estar imunizado", diz.
A segunda dose deve ser aplicada um mês depois da inicial -a terceira e última, após seis meses. Cerca de 10% das pessoas, no entanto, não respondem à vacinação contra a hepatite B qualquer que seja o fabricante do produto.
Sato afirma que o foco da campanha nos adolescentes tem um propósito. Como a principal via de contaminação da hepatite B são as relações sexuais desprotegidas, a ideia é que eles estejam imunizados antes de iniciar a vida sexual. "A campanha nas férias escolares é para não ter desculpa."
Atrair os jovens para os postos de saúde não será uma tarefa fácil. A Folha esteve ontem durante três horas no posto de vacinação do Instituto Pasteur, no Paraíso (zona sul de SP), e nenhum adolescente apareceu por lá nesse período.
A vacina é gratuita para pessoas entre zero e 19 anos e pode ser encontrada em qualquer posto de saúde. Entre os adultos, apenas os que pertencem aos grupos de risco (como os profissionais da saúde, os homossexuais e os usuários de drogas injetáveis) têm direito à imunização grátis.
Em torno de 90% das pessoas que se infectam com o vírus da hepatite B não se tornam portadores da doença, mas, entre os que ficam doentes, 20% poderão desenvolver cirrose e câncer hepático. Quando a transmissão é vertical (durante o parto ou na amamentação), até 90% das crianças se tornam portadoras.
No Brasil, estima-se que haja 2 milhões de infectados com a hepatite B, mas há muita subnotificação. Um estudo feito em um asilo, por exemplo, concluiu que 25% dos idosos tinham hepatite B. Outra pesquisa realizada na Casa de Detenção encontrou 60% dos presos infectados por essa doença.


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