São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

Próximo Texto | Índice

Instituto do Câncer zera fila de cirurgias

Em um ano, centro oncológico Octavio Frias de Oliveira reduziu a espera nas áreas digestiva, ginecológica e urológica, antes atendidas no HC

Tempo médio de espera por consultas caiu de 45 para 15 dias; neste ano, hospital planeja abrir vagas para outras unidades públicas

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Equipe médica do Instituto do Câncer de SP realiza cirurgia de tumor no útero; em quatro salas, são feitas 200 operações por mês

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um ano de funcionamento, o Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) zerou as filas de espera no Hospital das Clínicas para as cirurgias oncológicas digestivas, ginecológicas e urológicas. Antes, os pacientes esperavam até seis meses. Agora, a demora é de um mês, segundo a direção do instituto.
O tempo médio de espera por consultas também foi reduzido de 45 para 15 dias e houve um aumento de 76% no número desses atendimentos- de 1.700 consultas mensais para 3.000.
"A rapidez do tratamento tem impacto no controle da doença e no estado psicológico do paciente. Receber o diagnóstico de câncer e ficar esperando é muito difícil", diz Paulo Hoff, diretor clínico do Icesp.
Apesar de operar com dois terços da sua capacidade -o funcionamento pleno está previsto para 2010-, o instituto completa hoje o primeiro ano com a marca de 100 mil atendimentos realizados. Dos 29 pavimentos, 20 estão em operação. Ao menos 170 dos 580 leitos estão ocupados.
Segundo o médico Giovanni Guido Cerri, professor titular da USP e diretor-geral do Icesp, a última etapa será a entrega do centro de radioterapia, prevista para o início de 2010. Será o maior centro da América Latina, avaliado em R$ 55 milhões.
Sete bunkers abrigarão um aparelho de tomografia computadorizada de simulação, seis equipamentos de radioterapia e um de braquiterapia -técnica por meio da qual o material radioativo é colocado diretamente no tumor.
Cerri afirma que logo o instituto atenderá pacientes de outras unidades de saúde, encaminhados pela Secretaria de Estado da Saúde. O hospital não é "porta aberta" -não recebe doentes diretamente.
Para os pacientes, o maior impacto está no atendimento. "É uma mudança da água para o vinho [em relação ao SUS, em geral]. Aqui, tem enfermeira 24 horas te tratando com respeito", afirma o aposentado Dorivaldo Barbosa, 57, que se recupera de uma cirurgia para a retirada de câncer no esôfago.
A enfermeira Edna Araújo Teixeira, 63, faz quimioterapia no Icesp para tratar um câncer de mama e concorda com Barbosa. "Sinto-me acolhida, bem tratada. Isso aqui parece um Playcenter", exagera, enquanto toma chá com bolachas.
Para Giovanni Cerri, o bem-estar do paciente reflete-se no bom prognóstico do tratamento. "Quanto mais agradável, mais acolhedor for, mais rápida é a recuperação e melhores são os resultados. Nosso foco é sempre o paciente", afirma.
Neste mês, o instituto ganha um "hospital-dia". São 30 leitos para pacientes que fazem procedimentos como biopsias, transfusões de sangue e aplicações de medicação e ficam no local entre duas e 12 horas.
A unidade vai beneficiar, especialmente, os pacientes com leucemias e linfomas, que precisam de aplicações regulares de medicação, transfusões sanguíneas e eventuais cirurgias.
O instituto também investe em tecnologia. Desenvolve, por exemplo, um sistema de correio pneumático que permitirá o envio de qualquer material de até 7 kg dentro de uma cápsula, capaz de percorrer os 29 andares do prédio em dez segundos.


Próximo Texto: Foco: Instituto é o 1º hospital público inteligente; rotas de fuga são pressurizadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.