São Paulo, sexta-feira, 07 de janeiro de 2011 |
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros
Depressão tem sintomas diferentes em crianças e adultos Tristeza e isolamento não são principais sinais da versão infantil do transtorno, que atinge cerca de 2% das crianças de até 12 anos JULIANA VINES DE SÃO PAULO Sintomas de adulto não servem para diagnosticar depressão em crianças. O alerta é dos pesquisadores Mara Lúcia Cordeiro e Antônio Carlos de Farias, do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba. Eles são autores do livro "Transtornos Mentais em Crianças e Adolescentes -Mitos e Fatos", recém-publicado pelo hospital. Para Farias, que é neuropediatra, pais podem pensar que os filhos têm depressão, quando, na verdade, a criança está normal. "Há uma valorização do sintoma. É muito comum crianças saírem com antidepressivos dos consultórios." De acordo com Cordeiro, neurocientista, é preciso diferenciar o transtorno da tristeza passageira. "Toda criança fica triste quando perde um animal de estimação ou vai mal na escola. Os sintomas de depressão são diferentes e devem persistir por mais de dois meses", afirma. Os principais sinais são agitação, irritabilidade e desânimo para atividades corriqueiras ou divertidas. Estima-se que 2% das crianças de até 12 anos tenham o transtorno. Em adultos, a incidência chega a 10%. DIAGNÓSTICO DE ADULTO Paulo*, 10, sempre foi tímido, segundo sua mãe, Cristina. Depois que seus pais se separaram, o desempenho na escola piorou. A mãe, que já teve depressão, viu os mesmos sintomas no filho: falta de autoestima, desânimo e isolamento. E pensou que ele também tivesse o transtorno. Para sua surpresa, o menino foi diagnosticado como superdotado. Cristina mudou o filho de escola e passou a acompanhar suas tarefas. "As notas melhoraram e estão boas até nas disciplinas com as quais ele nunca teve contato", diz. Para a psiquiatra Maria Conceição do Rosário, da Unifesp, quanto mais nova a criança, mais difícil é o diagnóstico do transtorno. "A criança não consegue dizer o que está sentindo. Corre o risco de a depressão passar despercebida ou então de os sintomas serem supervalorizados." Muitas vezes, são necessárias várias consultas para saber se a criança tem mesmo algum problema. O tratamento nem sempre é com antidepressivos. Pelo contrário, segundo o psiquiatra Fábio Barbirato, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A longo prazo, a terapia é mais eficaz. "O remédio recupera mais rápido, mas causa mais recaídas", diz o médico. *Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados Texto Anterior: Foco: Médico acusado de fraudar estudo sobre vacina se defende Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |