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Pesquisa analisa visões da loucura por meio de fotos feitas em hospícios do país
Claudio Edinger
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Paciente psiquiátrica no manicômio Juquery, fotografada por Claudio Edinger em 1989
MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em 1989, o fotógrafo Claudio Edinger se internou no
hospital do Juquery, em
Franco da Rocha (SP), com o
objetivo de "trazer a público
aquilo que a maioria prefere
ignorar". O trabalho de Edinger, ao lado de registros da
loucura feito por três outros
fotógrafos, em épocas diferentes, são objeto de pesquisa
da professora de artes Tatiana Fecchio Gonçalves, que
reuniu cerca de 800 imagens
de doentes mentais em hospitais psiquiátricos.
Para estudar a representação do louco e da loucura por
meio da arte, em sua tese de
doutorado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a autora analisou a
produção de Alice Brill, fotógrafa e artista plástica alemã
que retratou o hospital do Juquery (SP) em 1950, assim como fez Edinger, em 1989 e
1990; Leonid Streliaev, repórter fotográfico que fez imagens do Hospital São Pedro
(RS) em 1971; e Cláudia Martins, que produziu imagens da
Colônia Juliano Moreira, no
Rio, entre 1997 a 1999.
O período desses ensaios
corresponde às mudanças
provocadas pela reforma psiquiátrica iniciada na década
de 1960, que significou a desativação gradual dos chamados manicômios.
O objetivo da pesquisa foi
identificar, por meio da análise das representações selecionadas, a forma como a sociedade brasileira compreendeu o louco e a loucura.
Para Heloísa Ferraz, professora aposentada da Escola
de Comunicação e Artes da
USP (Universidade de São
Paulo) e pesquisadora das relações entre arte e loucura, a
sociedade apresenta um
olhar diferente sobre a loucura conforme a época, seja na
literatura, nas artes plásticas
ou na fotografia.
Mas, apesar das mudanças
na abordagem e na visão da
doença mental, a "loucura" é
sempre estigmatizada no
imaginário social, diz a professora: "As obras tendem a
permanecer como representações de destruição ou de
isolamento".
O hospital do Juquery foi
fundado em 1898 pelo médico
Franco da Rocha. Em seu auge, entre as décadas de 60 a
80, chegou a abrigar 18 mil
pessoas.
Hoje, segundo a Secretaria
de Estado da Saúde, tem apenas 255 pacientes crônicos
que não têm para onde ir. O
hospital, que até 1995 tinha
2.000 pessoas, vem sendo desativado ano a ano.
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