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Montaria reabilita vítimas de derrame
Uso terapêutico do cavalo acelera a recuperação dos movimentos e da caminhada, mostra estudo da Unicamp
Efeito da equoterapia foi avaliado em adultos que conviviam havia mais de um ano com perdas motoras
IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
Quando perdeu os movimentos do lado esquerdo do
corpo, o mestre de obras João
Batista Cerqueira Viana não
sabia se iria voltar a andar a
pé. Muito menos a cavalo.
Mas foi em cima da montaria que ele recuperou sua capacidade motora, comprometida por um derrame.
Viana, 61, foi um dos pacientes avaliados em uma
pesquisa sobre o uso da
equoterapia na recuperação
de vítimas de AVC (acidente
vascular cerebral).
A pesquisa, apresentada
na Unicamp como tese de
mestrado da fisioterapeuta
Fernanda Beinotti, mostrou
que o uso terapêutico da
montaria em cavalos, além
de ser eficaz, pode dar resultados mais rápidos do que a
fisioterapia convencional.
Segundo Beinotti, não há
na literatura científica nenhum trabalho controlado
sobre o uso em adultos que
sofreram derrame. "Já vi relatos de casos isolados mostrando melhoras. Quis fazer
um estudo com mais pessoas
e um grupo controle."
A fisioterapeuta selecionou pacientes que tinham tido derrame havia mais de um
ano e que não apresentavam
outras doenças, como hipertensão ou diabetes. Todos tinham grau de comprometimento motor semelhante: já
conseguiam andar, embora
não com marcha normal.
Durante 16 semanas, metade dos voluntários recebeu
três sessões de 30 minutos
semanais de fisioterapia convencional. A outra metade
realizou, na mesma duração,
duas sessões de fisioterapia e
uma de equoterapia.
Foram dez participantes
em cada grupo. "Não é um
número grande, mas, pela
primeira vez, foi usado grupo
de controle. Além disso, a padronização [das condições
dos pacientes e dos tratamentos] permite algumas
conclusões mais objetivas."
RESULTADOS
Segundo Beinotti, os resultados mais significativos
foram a recuperação da habilidade de contrair e relaxar os
flexores plantares (músculos
dos pé), a melhora nos movimentos da perna, a melhora
no equilíbrio e no padrão da
marcha (forma de andar).
O neurologista Eduardo
Mutarelli, do hospital Sírio-Libanês, vê lógica nesse processo de reabilitação, mas
desconhece outros trabalhos
sobre a ação da equoterapia
em casos de derrame. "Essa é
uma pesquisa pequena."
Para Mirto Prandini, chefe
do departamento de neurologia e neurocirurgia da Unifesp, a pesquisa mostra boas
possibilidades. "Como no estudo, vítimas de derrame que
não têm outras doenças podem ser beneficiadas."
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