|
Próximo Texto | Índice
Corticoide inalável é pouco eficaz em doença pulmonar
Droga tem pouco efeito no controle das crises respiratórias em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica
Revisão de onze estudos envolvendo mais de 8.000 pessoas confirma atuais diretrizes; remédio só deve ser usado em casos graves
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma revisão de onze estudos,
envolvendo um total de 8.164
pessoas, publicada neste mês
no periódico "Chest" mostra
que o uso de corticoides inaláveis por pacientes com DPOC
(doença pulmonar obstrutiva
crônica) traz pouco resultado
no controle de crises respiratórias em comparação com a ingestão de um placebo.
As diretrizes internacionais
sobre o tratamento da doença
indicam o uso de corticoides
inalados em pacientes em estado grave, isto é, em pessoas com
função pulmonar abaixo de
50% de uma pessoa saudável e
que sofra de exacerbações (crises) em alta quantidade. No entanto, o assunto é bastante discutido entre especialistas.
"Há uma enorme controvérsia na literatura médica sobre
quando começar a dar esse tipo
de remédio ao paciente. Os médicos se perguntam se as diretrizes estão corretas ou se estamos privando outras pessoas
do tratamento porque o oferecemos em uma fase mais avançada", diz o pneumologista Alberto Cukier, pneumologista
do InCor (Instituto do Coração), em São Paulo.
Para Cukier, o estudo ajuda a
apontar que as diretrizes atuais
são corretas. Em pacientes com
crises menos frequentes, o remédio não traz benefício. Mas
para os mais graves, que sofrem
muitas exacerbações, com tosse e falta de ar, o remédio pode
reduzir o mal-estar, ainda que
de forma modesta.
"O uso de corticoide inalado
em DPOC tem bastante restrição do ponto de vista científico.
Em pacientes graves, diminui
as exacerbações e aumenta a
qualidade de vida", acrescenta
Rafael Stelmach, ex-presidente
e membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
Pessoas que usam esses remédios têm potencial maior de
desenvolver pneumonia, alterações da imunidade e do metabolismo, como ocorre com outras formas de apresentação da
cortisona. Entretanto, o risco
de efeitos colaterais é baixo.
"Pacientes têm um certo temor
por causa da cortisona, ainda
que injustificado. Há potenciais problemas, mas pequenos
porque é administrada por via
nasal", afirma Cukier.
A DPOC atinge cerca de oito
milhões de brasileiros e é causada principalmente pelo tabagismo. O prognóstico da doença é ruim. "O que há em termos
de medicamento é adaptação
do que dá certo em asmáticos.
Mas as respostas estão longe de
ser brilhantes", diz Cukier.
Parar de fumar é a única maneira de parar o avanço da
doença. Ainda assim, as lesões
nos pulmões são irreversíveis.
Pacientes com comprometimento que interfira nas atividades diárias devem passar por
reabilitação, para aprender a
conviver com as limitações.
Próximo Texto: Inglaterra: Cresce número de reações alérgicas graves Índice
|