São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009 |
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foco Corrida do câncer de mama reúne 45 mil participantes nos EUA
SÉRGIO DÁVILA DE WASHINGTON Quando exames confirmaram seu câncer de mama, Adenailde Alves Batista da Silva tinha 32 anos. Na semana seguinte à descoberta do tumor maligno, soube que estava grávida. Durante nove meses, atravessou o difícil equilíbrio de fazer sessões de quimioterapia e manter a gravidez. Submeteu-se a operação para retirada de um seio. Anteontem pela manhã, a atendente de telemarketing comemorava sua sobrevivência e o ano e meio de seu filho andando ao lado de milhares de pessoas de 18 países que tomaram parte do Mall de Washington, o histórico passeio que liga o Capitólio, a sede do Congresso norte-americano, ao memorial ao presidente Lincoln. Adenailde estava a 7,6 mil quilômetros de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, onde mora, e participava como convidada da Corrida pela Cura Global, patrocinada há 20 anos pela Fundação do Câncer de Mama Susan G. Komen, entidade norte-americana que leva o nome de uma vítima da doença e que foi criada pela irmã dela, Nancy Brinker, em 1982. Havia 45 mil homens e mulheres, segundo os organizadores, a maioria vestindo roupas com tons de rosa, a cor oficial do evento -a polícia não soltou sua estimativa para o número de participantes. Outras três brasileiras acompanhavam Adenailde: Maira Caleffi, fundadora da Femama, que reúne 32 ONGs em 17 Estados, Maria Angélica Linden, do Imama, do Rio Grande do Sul, e Luciana Holtz de Camargo Barros, criadora do Oncoguia, um dos principais portais sobre o assunto no Brasil. Maria Angélica soube que tinha câncer aos 43, em 2003, num exame rotineiro de toque. "Sou uma "vitoriosa'", disse à Folha, usando o termo que o movimento brasileiro prefere para designar as sobreviventes. As quatro comemoravam a mais recente vitória do movimento, a entrada em vigor em 29 de abril da lei que exige que o Sistema Único de Saúde (SUS) realize mamografias gratuitas anualmente em todas as mulheres de mais de 40 anos. "São três os nossos problemas", diz Caleffi. "As mulheres não fazem o exame, os médicos não o pedem e, quando pedem, é difícil marcar." Cerca de um milhão de mulheres serão diagnosticadas com essa doença no mundo em 2009. Cerca de 50 mil serão brasileiras, segundo a Femama, e 12 mil morrerão -ou 24%. É uma porcentagem alta, quando comparada ao índice de fatalidade nos EUA, que hoje gira em torno de 2%, de acordo com a Susan G. Komen. Na noite anterior, o comando da fundação americana e 300 convidados haviam sido recebidos por Joe Biden e sua mulher, Jill, no primeiro grande evento da residência do novo vice-presidente dos EUA. Foram servidos limonada cor-de-rosa e o espumante Sofia, do vinhedo do cineasta Francis Ford Coppola, conhecido por levar o nome de sua filha e vir em latas rosa-choque. Usando laço da cor do movimento, Biden disse que seu compromisso com a luta contra o câncer de mama começou após a morte, em decorrência da doença, da mulher de um colega. Só no fim de semana do evento, foram levantados US$ 4,3 milhões em doações. O valor corresponde a cerca de 20% do orçamento anual da subprefeitura de Campo Limpo, à qual Paraisópolis está subordinada. É para lá que Adenailde volta hoje. "Não tenho vergonha da doença", diz ela. "Vergonha é não fazer nada." Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Imunologia: Morre Prêmio Nobel Jean Dausset Índice |
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