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Hábitos familiares têm influência na obesidade dos filhos
Pesquisa inglesa acompanhou 226 famílias por três anos; foco é reforçar a educação dos pais
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Meninas filhas de mães obesas têm dez vezes mais riscos de
se tornarem obesas, enquanto
meninos filhos de pais obesos
têm o risco de obesidade aumentado em seis vezes, aponta
estudo inglês realizado com
226 famílias e publicado no
"International Journal of Obesity". Nos dois casos, crianças
do sexo oposto aos pais obesos
não foram afetadas.
Trata-se da 43ª pesquisa realizada com o mesmo grupo de
crianças. Foram medidos o peso e a altura das crianças e dos
adultos durante três anos.
Os resultados mostram que
41% das meninas de oito anos e
filhas de mães obesas também
apresentavam obesidade, enquanto apenas 4% das filhas de
mães magras apresentaram o
problema. Nesses casos, os meninos não sofreram influência
da obesidade da mãe.
No grupo de meninos, 18%
daqueles que tinham o pai obeso também estavam acima do
peso. Entre os meninos que são
filhos de pais magros, o percentual de obesidade caiu para 3%.
Assim como no outro grupo, as
filhas meninas não sofreram
influência da obesidade do pai.
Segundo os pesquisadores, o
vínculo descoberto sugere uma
espécie de "simpatia comportamental", em que meninas repetem os hábitos da mãe e meninos seguem os exemplos do pai.
Outro estudo com o mesmo
grupo de crianças, realizado em
2005, mostrava que as mães
obesas que tinham filhas gordas não estavam preocupadas
com o peso da criança, ao contrário das mães magras com filhas gordas. A mesma relação
foi observada nos pais obesos.
O endocrinologista Bruno
Geloneze, pesquisador de obesidade e diabetes da Universidade Estadual de Campinas,
diz que o estudo reforça a necessidade de educação dos pais.
"Os esforços para educar a
criança para que ela não se torne obesa são válidos, mas a
criança segue o exemplo que
ela tem em casa. Em termos
práticos, faz pouco sentido recomendar mudanças de hábito
para as crianças se não houver
total envolvimento dos pais."
Márcio Mancini, presidente
da Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, diz que o estudo traz dados que aumentam
a preocupação com relação à
obesidade infantil. "Obesidade
na infância é doença. São crianças com risco aumentado para
hipertensão, colesterol alto,
diabetes, apneia do sono. Se
elas não perderem peso, terão o
processo de doenças relacionadas à obesidade acelerado", diz.
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