São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hábitos familiares têm influência na obesidade dos filhos

Pesquisa inglesa acompanhou 226 famílias por três anos; foco é reforçar a educação dos pais

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Meninas filhas de mães obesas têm dez vezes mais riscos de se tornarem obesas, enquanto meninos filhos de pais obesos têm o risco de obesidade aumentado em seis vezes, aponta estudo inglês realizado com 226 famílias e publicado no "International Journal of Obesity". Nos dois casos, crianças do sexo oposto aos pais obesos não foram afetadas.
Trata-se da 43ª pesquisa realizada com o mesmo grupo de crianças. Foram medidos o peso e a altura das crianças e dos adultos durante três anos.
Os resultados mostram que 41% das meninas de oito anos e filhas de mães obesas também apresentavam obesidade, enquanto apenas 4% das filhas de mães magras apresentaram o problema. Nesses casos, os meninos não sofreram influência da obesidade da mãe.
No grupo de meninos, 18% daqueles que tinham o pai obeso também estavam acima do peso. Entre os meninos que são filhos de pais magros, o percentual de obesidade caiu para 3%. Assim como no outro grupo, as filhas meninas não sofreram influência da obesidade do pai.
Segundo os pesquisadores, o vínculo descoberto sugere uma espécie de "simpatia comportamental", em que meninas repetem os hábitos da mãe e meninos seguem os exemplos do pai.
Outro estudo com o mesmo grupo de crianças, realizado em 2005, mostrava que as mães obesas que tinham filhas gordas não estavam preocupadas com o peso da criança, ao contrário das mães magras com filhas gordas. A mesma relação foi observada nos pais obesos.
O endocrinologista Bruno Geloneze, pesquisador de obesidade e diabetes da Universidade Estadual de Campinas, diz que o estudo reforça a necessidade de educação dos pais.
"Os esforços para educar a criança para que ela não se torne obesa são válidos, mas a criança segue o exemplo que ela tem em casa. Em termos práticos, faz pouco sentido recomendar mudanças de hábito para as crianças se não houver total envolvimento dos pais."
Márcio Mancini, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, diz que o estudo traz dados que aumentam a preocupação com relação à obesidade infantil. "Obesidade na infância é doença. São crianças com risco aumentado para hipertensão, colesterol alto, diabetes, apneia do sono. Se elas não perderem peso, terão o processo de doenças relacionadas à obesidade acelerado", diz.


Texto Anterior: Novo estudo mostra efeito do ômega 3 após infarto
Próximo Texto: Câncer renal: Sobrevida aumenta com novo remédio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.