São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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Fim do teste de câncer de próstata é contestado

Grupos de médicos discordam da decisão de força-tarefa ligada ao governo americano

GIULIANA MIRANDA

DE SÃO PAULO

O grupo de médicos ligados ao governo americano que pede que homens saudáveis não façam mais o principal exame de sangue que detecta o câncer de próstata já encontra resistências.
Anteontem, o US Preventive Services Task Force -grupo de pesquisadores que influencia nas decisões de saúde pública nos EUA- disse que não há provas contundentes de que o PSA (antígeno prostático específico, em inglês) rastreie a doença.
Além disso, o grupo afirma que os inconvenientes decorrentes de falsos diagnósticos podem superar os benefícios de testar alguém sem sintomas suspeitos da doença.
O PSA detecta a elevação de uma proteína produzida pela próstata e é um indicativo de câncer.
Uma dosagem alta de PSA, porém, também pode ser sinal de uma infecção ou crescimento benigno exagerado da próstata, levando a diagnósticos de falso-positivo.
Associações médicas nos EUA e outras partes do mundo já repudiaram a decisão. Celebridades que tiveram a doença, como o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, também.

NO BRASIL
"O PSA não é perfeito, mas pedir o seu fim é uma atitude criminosa. Nós estaremos condenando pessoas à morte", disse Joaquim de Almeida Claro, professor de urologia e coordenador do Hospital do Homem de São Paulo.
Segundo o médico, a adoção do PSA, a partir de meados dos anos 1980, representou um salto no diagnóstico precoce da doença, possibilitando a ampla taxa de cura conseguida hoje.
Franz Campos, coordenador da área de urologia do Inca (Instituto Nacional do Câncer), também chama a atenção para o aumento da identificação da doença trazido com o PSA e diz que o exame não deve parar de ser usado, pelo menos no curto prazo.
"Estamos caminhando para outras formas mais precisas de diagnóstico, mas, sem dúvida, o PSA é atualmente o melhor que nós temos disponível", afirmou.
A força-tarefa que pediu o fim do PSA afirmou que a popularização do teste teve consequências devastadoras, aumentando o número de biópsias e tratamentos que poderiam ter sido evitados.
Esse "supertratamento" causou, segundo o grupo, problemas que vão desde incontinência urinária e impotência sexual até a morte.
Para os pesquisadores, não saber o que está acontecendo na próstata pode ser o melhor caminho.
Estudos realizados em autópsias indicaram que um terço dos homens entre 40 e 60 anos têm a doença. Uma proporção que sobe para três quartos na faixa acima de 85.


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