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Infecção prejudica memória em idoso com doença de Alzheimer
Estudo diz que o aumento da proteína inflamatória TNF acelera piora do quadro
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Resfriados, viroses, inflamações e outras infecções (inclusive aquelas causadas por uma
contusão, por exemplo) podem
acelerar a perda de memória
em pessoas com doença de Alzheimer, aponta um estudo publicado na revista "Neurology".
Segundo os pesquisadores,
isso acontece porque as infecções aumentam o nível da proteína inflamatória TNF (fator
de necrose tumoral) no sangue.
O excesso dessa substância,
teoricamente, aceleraria a perda de memória e, consequentemente, pioraria a doença.
Durante seis meses, os cientistas acompanharam 222 idosos portadores da doença, com
idade média de 83 anos. Eles
observaram que 110 deles desenvolveram infecções em
áreas como pulmões, trato urinário, intestino e estômago.
Os voluntários que apresentaram mais de uma dessas infecções durante o estudo dobraram o ritmo de perda cognitiva em comparação com os que
não tiveram infecções.
Os resultados indicaram
também que aqueles pacientes
que já apresentavam níveis altos de TNF no sangue no início
da pesquisa (o que indicaria
uma inflamação crônica) apresentaram perda cognitiva quatro vezes mais acelerada.
José Marcelo Farfel, geriatra
do hospital Albert Einstein e da
USP, diz que a relação entre inflamações e perda cognitiva é
observada na prática clínica.
"O estudo comprova que
qualquer tipo de agressão ao
organismo, em especial as infecções e inflamações, pode desencadear a piora do quadro.
Assim, os resultados mostram
que a melhor maneira de controlar a piora da doença é evitar
quadros de infecção", afirma.
O neurologista Arthur Cukiert, do Hospital Estadual Brigadeiro, diz que ainda não é
possível saber se o aumento da
TNF é a causa ou a consequência da doença. "Se outros estudos indicarem que a TNF é
realmente um marcador da
doença, pode ser possível criar
medicamentos para bloquear
sua ação nesses pacientes."
Colaborou JULLIANE SILVEIRA, da Reportagem Local
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