São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 |
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Tempo demais sentado eleva risco cardíaco Pesquisa mostra que se levantar por períodos curtos várias vezes ao dia já é suficiente para reduzir o perigo Dar descanso para a cadeira resulta em cintura mais fina; medida é indicador de doença cardíaca JULIANA VINES SÃO PAULO Levantar mais vezes, mesmo que seja para beber água ou mudar o canal da televisão, diminui o risco de desenvolver doenças cardíacas. A conclusão é de pesquisadores da Universidade de Queensland, Austrália, em estudo publicado hoje na versão on-line da revista "European Heart Journal". Segundo a pesquisa, até quem é sedentário, mas faz várias pausas para levantar durante o dia, tem menor risco do que quem faz atividades físicas e fica longos períodos sentado. A pesquisa acompanhou 4.757 pessoas com mais de 20 anos entre 2003 e 2006. Cada voluntário recebeu um aparelho que monitorou a atividade física durante sete dias. Também foram medidos os níveis de quatro marcadores de risco de doença cardiovascular: a quantidade de uma proteína que sinaliza a formação de aterosclerose, os níveis de HDL (colesterol "bom"), triglicérides e a circunferência abdominal. Quem se movimentou mais teve todos os índices melhores. A diferença mais significativa foi na circunferência abdominal: os participantes que ficaram menos tempo sentados sem pausas tiveram, em média, 4,1 centímetros a menos de cintura do que as pessoas que ficaram paradas na mesma posição. "Já se sabe que a atividade física moderada ou intensa reduz o risco cardiovascular. O surpreendente é que o estudo mostra que mesmo as pequenas quebras no sedentarismo já ajudam", diz Raffael Fraga, cardiologista do Incor (Instituto do Coração). Segundo Fraga, uma das explicações é que mesmo as atividades físicas mais leves aumentam o gasto energético total diário e, consequentemente, ajudam a diminuir a circunferência abdominal. A gordura intra-abdominal está relacionada à probabilidade maior de desenvolver aterosclerose e também ao aumento do colesterol. "Qualquer redução na gordura abdominal já representa uma queda de risco. Quatro centímetros é uma diferença muito grande", diz o cardiologista Ricardo Pavanello, do HCor (Hospital do Coração). O recomendado, segundo a Federação Internacional de Diabetes, é que mulheres tenham no máximo 80 cm de cintura e homens, 94 cm. DOSES HOMEOPÁTICAS Para o cardiologista Antonio Sergio Tebexreni, da Unifesp, a pesquisa mostra que qualquer atividade física é importante. "É possível dividir os 30 minutos de exercícios em etapas. Se você se movimentar várias vezes durante o trabalho, já é válido." Além de aumentar o gasto energético total, sair da cadeira e movimentar os músculos das pernas ativa a circulação sanguínea. "Isso melhora a pressão arterial e ajuda no gasto calórico. Facilita o trabalho do coração, além de prevenir a formação de coágulos." O cardiologista Nabil Ghorayeb, do HCor, discorda do estudo. Segundo ele, a atividade física só traz benefícios quando é realizada a longo prazo e frequentemente. "Levantar poucas vezes não muda a vida de ninguém", diz o médico. Para ele, qualquer mudança de hábito para o sedentário faz diferença nas estatísticas, mas isso não quer dizer que o risco cardíaco vá ficar menor. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Foco: Colecionador de objetos engolidos por pacientes é tema de livro Índice | Comunicar Erros |
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