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Nova radioterapia pode evitar cirurgia
Equipamentos de última geração, que já estão disponíveis no país, irradiam células doentes e preservam as saudáveis
A chamada radioterapia guiada por imagens diminui efeitos colaterais e pode evitar cirurgias em órgãos como pulmão e próstata
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Equipamento de IGRT, novo tipo de radioterapia, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; à dir., médico observa imagem de mama onde está sendo aplicada radiação, no mesmo hospital
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova geração de equipamentos de radioterapia, conhecidos por IGRT (radioterapia
guiada por imagem, na sigla em
inglês), vem permitindo evitar
cirurgias e diminuir efeitos colaterais do tratamento. A técnica consegue irradiar as células
doentes preservando ao máximo os tecidos saudáveis.
Esses equipamentos já estão
disponíveis em centros de excelência como os hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein,
em São Paulo. Em poucos meses, duas instituições públicas
devem oferecer o tratamento
aos seus pacientes: o Inca (Instituto Nacional de Câncer), no
Rio de Janeiro, e o Icesp (Instituto do Câncer do Estado de
São Paulo Octavio Frias de Oliveira), em São Paulo.
Aliados ao avanço nas técnicas de imagem, os novos aparelhos permitem visualizar, em
tempo real, onde o tumor está.
Eles levam em conta, inclusive,
os movimentos da respiração
do paciente.
Segundo Maria Aparecida
Maia, diretora da radioterapia
do Hospital A. C. Camargo, em
São Paulo, trata-se de um equipamento que acompanha a movimentação do tumor a ser tratado. "Por isso, a mira é melhor,
mais precisa, e isso diminui sequelas", explica Maia.
"Isso assegura que a dose
chegue no lugar certo", diz o radioterapeuta Eduardo Weltman, do programa de oncologia
do hospital Albert Einstein.
Dessa forma, é possível usar
doses de radiação muito maiores em alvos cada vez mais específicos, num tempo menor.
Tratamento mais curto
"Como o grau de acerto é altíssimo, viabiliza tratamentos
mais curtos. É possível, por
exemplo, tratar um tumor de
até quatro centímetros no pulmão em três dias, quando o padrão até então são de seis a sete
semanas", exemplifica João
Luís Fernandes, coordenador
do Serviço de Radioterapia do
Hospital Sírio-Libanês.
Tumores de próstata podem
ser tratados sem causar lesões
no reto, por exemplo. Um câncer localizado próximo à medula espinhal pode ser irradiado
com um risco mínimo de sequelas neurológicas (uma cirurgia nessa região poderia
causar danos à medula).
Além de diminuir os efeitos
colaterais, isso pode evitar cirurgias, particularmente em
regiões em que a respiração
movimenta o tumor, como pulmões, fígado, pâncreas e até
mesmo a próstata, que está sujeita a movimentações nos órgãos vizinhos, como a bexiga.
"Esses órgãos ainda podem ser
operados, mas são novas opções principalmente para os
pacientes que possam ter fatores que dificultem a cirurgia",
diz João Luís Fernandes.
Além disso, os aparelhos permitem diminuir a margem de
segurança, usada tradicionalmente numa radioterapia.
Com os equipamentos convencionais, o médico irradia uma
área maior para garantir que
nenhuma célula doente fique
sem radiação.
Outro avanço é que a radiação consegue acompanhar,
com uma fidelidade cada vez
maior, o formato do tumor, que
pode ser muito variado.
Paulo Hoff, diretor clínico do
Icesp, lembra que nem todo tumor precisa ser tratado com esses aparelhos tão sofisticados.
"Alguns tumores -de osso, por
exemplo- não estão tão próximos a tecidos muito sensíveis."
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