São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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ANÁLISE

Mais de 80 mil esperam por vagas

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao mesmo tempo em que os hospitais brasileiros investem em radioterapia de última geração, mais de 80 mil pessoas com diagnóstico de câncer estão em filas de espera pelo procedimento, que configura hoje o principal gargalo no tratamento oncológico no sistema público de saúde.
O SUS é responsável por 80% desse tipo de terapia. Os pacientes chegam a esperar seis meses por uma vaga nas instituições credenciadas pelo Ministério da Saúde. Enquanto isso, o tumor cresce. Pessoas que teriam chances significativas de cura acabam perdendo-as por causa dessa demora.
Em 2010, 2 em cada 1.000 brasileiros desenvolverão algum dos 11 tipos de câncer mais comuns no país, num total de 489.270 novos casos, segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Sabe-se que 60% desses pacientes vão precisar de radioterapia.
O próprio Ministério da Saúde reconhece o tamanho do problema. Diz que são necessários ao menos 85 novos aparelhos e que tem investido na área. As sociedades médicas, porém, não veem avanço nenhum no setor. Os serviços de radioterapia recebem R$ 250 milhões por ano, enquanto os de quimioterapia, R$ 1,3 bilhão.
Mas a questão não é apenas comprar e instalar aparelhos ou tentar melhorar o pagamento pelos procedimentos. O país enfrenta outros problemas mais pontuais, como a falta de capacitação técnica e as interrupções no tratamento de radioterapia, em razão da quebra ou manutenção de aparelhos.
Em feriados prolongados, alguns serviços chegam a fechar por cinco dias seguidos. Estudos internacionais mostram que interrupções, por menores que sejam, podem diminuir as chances de cura de tumores de cabeça e pescoço, pulmão, bexiga e próstata, por exemplo.
Seja por falta de recursos, de qualificação técnica ou de organização dos serviços, a verdade é uma só: o câncer não espera.


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