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ANÁLISE
Mais de 80 mil esperam por vagas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao mesmo tempo em que os
hospitais brasileiros investem
em radioterapia de última geração, mais de 80 mil pessoas
com diagnóstico de câncer estão em filas de espera pelo procedimento, que configura hoje
o principal gargalo no tratamento oncológico no sistema
público de saúde.
O SUS é responsável por 80%
desse tipo de terapia. Os pacientes chegam a esperar seis
meses por uma vaga nas instituições credenciadas pelo Ministério da Saúde. Enquanto isso, o tumor cresce. Pessoas que
teriam chances significativas
de cura acabam perdendo-as
por causa dessa demora.
Em 2010, 2 em cada 1.000
brasileiros desenvolverão algum dos 11 tipos de câncer mais
comuns no país, num total de
489.270 novos casos, segundo
estimativa do Inca (Instituto
Nacional de Câncer). Sabe-se
que 60% desses pacientes vão
precisar de radioterapia.
O próprio Ministério da Saúde reconhece o tamanho do
problema. Diz que são necessários ao menos 85 novos aparelhos e que tem investido na
área. As sociedades médicas,
porém, não veem avanço nenhum no setor. Os serviços de
radioterapia recebem R$ 250
milhões por ano, enquanto os
de quimioterapia, R$ 1,3 bilhão.
Mas a questão não é apenas
comprar e instalar aparelhos
ou tentar melhorar o pagamento pelos procedimentos. O país
enfrenta outros problemas
mais pontuais, como a falta de
capacitação técnica e as interrupções no tratamento de radioterapia, em razão da quebra
ou manutenção de aparelhos.
Em feriados prolongados, alguns serviços chegam a fechar
por cinco dias seguidos. Estudos internacionais mostram
que interrupções, por menores
que sejam, podem diminuir as
chances de cura de tumores de
cabeça e pescoço, pulmão, bexiga e próstata, por exemplo.
Seja por falta de recursos, de
qualificação técnica ou de organização dos serviços, a verdade
é uma só: o câncer não espera.
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